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Aquele em que eu respondo quinze perguntas sobre livros

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Fui indicada pra responder esse meme, originado lá no canal InesBooks, pela Anna, e ele não poderia ter aparecido em hora melhor, já que estava sendo cobrada por algumas blogueiras que eu adoro pra voltar a aparecer com alguns posts literários por aqui. Ainda não são as resenhas, mas estamos no caminho! Certo? São 15 perguntinhas muito legais sobre livros que, embora não tenham sido fáceis de responder, foram muito divertidas.

1) Vox Populi (um livro para recomendar a toda gente)

Recomendar um livro a toda genteé uma tarefa extremamente difícil porque é impossível agradar todo mundo. Mesmo assim, o livro que eu sinto vontade de recomendar pra qualquer um – independente de quais venham a ser as reações a ele – é O Grande Gatsby. Gatsby é uma obra que eu demorei uns quatro dias pra ler um capítulo, e uns três dias pra ler todo o resto (não que seja particularmente longo). Terminei numa madrugada de domingo para segunda porque precisava devolver pra biblioteca, e ler no meio da madrugada silenciosa os últimos parágrafos incríveis que Fitzgerald deu a essa narrativa foi quase um momento de iluminação. Naquele momento, Nick Carraway não falava mais só de Gatsby, ou só dele, ou só daqueles personagens, mas de todos nós, e gostaria que todo mundo pudesse passar pela mesma conexão que senti durante aqueles minutos, porque é uma das coisas mais incríveis que a arte pode fazer.

2) Maldito plágio (o livro que gostaríamos de ter escrito)

Eu sou uma grande defensora da literatura infanto-juvenil, do young-adult, do chick-lit e do que quer que seja que as pessoas gostam de ler. Não porque todos os livros sejam bons, mas porque todos podem ser bons, independente do gênero literário em que acabem caindo. Por isso, queria ter sido eu a autora de um dos YAs mais incríveis que eu já li e que está aí pra provar que pode ser tão bonito, tão rico e tão bem construído quanto um título que você encontra nas outras seções de literatura das livrarias. The Scorpio Races, da Maggie Stiefvater, é, segundo a própria autora, o livro que ela sempre quis escrever, mas que nunca tinha conseguido antes, apesar das inúmeras tentativas. Mas conseguiu, pra nossa sorte. É um livro sobre cavalos carnívoros e potencialmente assassinos que vêm do mar? É. E se você duvida que uma história dessas possa ser bela, eu te entendo. Mas eu peço que você supere a descrença, porque vai valer a pena.

3) Não vale a pena abater árvores por causa disso

Hoje em dia sou um pouco mais cuidadosa na hora de escolher os títulos que eu leio, e faz tempo que não detesto um livro em absolutamente tudo o que ele diz ou contém. Mas o livro mais decepcionante dos últimos tempos tem que ser A Lua de Mel, da minha querida rainha do chick-lit Sophie Kinsella. E eu digo isso com tristeza no coração, porque eu adoro a Sophie. Na narração dos momentos hilários da história, eu percebia que só podia ser dela. Mas o resto? Só... não. Você tem duas protagonistas e as motivações das duas ao longo de um livro inteiro (com quase 500 páginas) são: 1) conseguir fazer sexo e consumar o casamento com um cara que namorava e reencontrou dois dias atrás, no caso de uma; 2) impedir que a irmã faça isso, no caso da segunda. E isso é o livro inteirinho (com alguns poucos momentos com algum tipo de sentimento por atrás), vivido e narrado pelas protagonistas mais insossas que a Sophie já inscreveu e os interesses românticos mais insossos que ela já escreveu também, pra combinar bem. Vou ficar pra sempre me perguntando o que aconteceu.

4) Não és tu, sou eu (um livro bom, lido na altura errada)

Esse posto sempre vai ser de Um Dia, do David Nicholls, um livro adorado por quase toda a blogosfera literária em 2011 e um favorito de muita gente cujo gosto eu respeito muito. Na época, resenhei o livro, disse que gostei da proposta, gostei do desenvolvimento da proposta, mas simplesmente não consegui me conectar e terminei meio indiferente e, inclusive, disse que achava que era eu quem não tinha bagagem pra fazer essa conexão. Sei que preciso reler, e fico pensando que talvez nesse momento eu passe a amá-lo. Eu já vi e revi a adaptação dele pro cinema, e gostei muito nas duas vezes, apesar de sempre terminar com a sensação de que ele foi muito abrandado e deixou muito do espírito da obra original no meio do caminho. Resumo: preciso reler.

5) Eu tentei... (um livro que tentamos ler, mas não conseguimos)

Eu raramente abandono um livro. Sempre fico na esperança de que no final das contas ele vai ser pelo menos razoável. Dito isso, não aguentei ler nem um terço de uma das distopias mais ame-ou-odeie que eu já vi por aí: Feios, do Scott Westerfield, que não serviu nem para passar o tempo. Ideia possivelmente boa, mas com uma protagonista insuportável e uma narrativa chata e desinteressante. Não deu. E nem vai dar, desculpa, mundo.



6) Hã? (um livro que lemos e não percebemos nada OU um livro com final surpreendente)

O livro em si não teve um final surpreendente porque eu já tinha assistido à adaptação pro cinema alguns anos antes. Mas como essa é uma das melhores adaptações que eu já vi na vida, vou considera-lo mesmo assim: Reparação, do Ian McEwan. Vendo o filme pela primeira vez, eu não esperava de jeito nenhum que fosse me deparar com um final daqueles – e que compreensão dolorosa é a que você sente quando entende o que está acontecende. Eu obviamente já sabia qual era a conclusão quando peguei o livro pra ler, e, se tivesse feito uma leitura mais atenta, poderia ter buscado indícios de que aquele fim estava por vir na narrativa (incrível, incrível, incrível), mas não o fiz. O final foi surpreendente pra vocês também?

7) Foi tão bom, não foi? (um livro que devoramos)

Orgulho e Preconceito é um livro consideravelmente longo, consideravelmente antigo, e consideravelmente visto como entediante por um monte de gente. Dito isso, li pela primeira vez com uns 14 ou 15 anos e devo ter demorado um mês inteirinho pra terminar. Daí, ano passado, reli pra escrever um trabalho da faculdade e eu realmente não consegui largar, inclusive nas minhas viagens de ônibus. Não só amo/sou o romance entre nossa querida Lizzy e nosso maravilhoso Sr. Darcy, mas amo/sou essa narrativa divertidíssima e irônica, mas com toda a classe do mundo. Como no mundo tem gente que acha esse livro entediante pesquisar.

8) Entre livros e tachos (uma personagem que gostaríamos que cozinhasse para nós)

Passei uns bons minutos tentando pensar em um livro que eu tenha lido e que contivesse uma cozinheira de mão cheia, mas a verdade é que nada me veio à cabeça e até agora estou sem resposta. Talvez eu acabe me arrependendo quando lembrar de uma, mas por ora vou ficar com um certo recém-graduado em Yale Eli misterioso que aprendeu a fazer panquecas nas férias de primavera (ao invés de ir passear com os coleguinhas) e que faz waffles na máquina que achou no lixo (mas ele limpou e consertou antes) que você encontra ao ler a - incrível! - série Sociedade Secreta, da Diana Peterfreund.

9) Fast forward (um livro que poderia ter menos páginas que não se perdia nada)

Li uma vez que Dickens era pago pela quantidade de palavras que escrevia. Deve ser lenda, mas explicaria as mais de 500 páginas de Grandes Esperanças. Tem uma história boa que daria uma excelente novela das seis (alô, Globo), o primeiro e o último volumes são muito bons (especialmente o primeiro), mas que livro... lento. É claro que não vou ser eu que vou afirmar que não se perderia nada se a gente desse uma enxugadinha na história de Pip, mas se fosse minha, faria isso sem dó.



10) Às cegas (um livro que escolheríamos só por causa do título)

A Elegância do Ouriço, da Muriel Barbery, é provavelmente o título mais curioso em toda a minha estante (na verdade, roubei o livro da minha mãe), talvez porque eu não tinha a menor ideia do que ele queria dizer ou a que se referia. Ele aparece dentro da narrativa, relacionando-o à sua protagonista, e eu entendi o porquê – e acho que foi muito bem escolhido. É um título curioso e inusitado para um livro curioso e inusitado que fala sobre personagens sem dúvida curiosas e inusitadas. Também por isso, muito bem escolhido.


11) O que vale é o interior (um livro bom com a capa feia)

Esse é um tópico com milhares de respostas possíveis, e aqui fica meu apelo às editoras: tenham mais carinho na escolha das capas de livros incríveis (aliás, livros ruins com capas lindas também estão por todos os lados. Que desperdício). Eu tenho muita agonia de capas com modelos, especialmente num superclose, como é o caso de Antes Que Eu Vá, da Lauren Oliver. Não que a modelo seja feia ou qualquer coisa, e a expressão no rosto dela não está errada nem nada. Mas é que... Tem necessidade dessas capas com cabeças gigantes? Embora a capa me dê agonia, o livro é incrível, cheio de sentimento verdadeiro, com personagens muito bem escritos e outro daqueles títulos de YA que nos enchem de orgulho.

12) Rir é o melhor remédio (um livro que nos tenha feito rir)

Na minha timeline do twitter tem havido muita discussão sobre a qualidade do que a Meg Cabot tem produzido ultimamente, que é uma coisa que eu também questiono. Mesmo assim, na fase de outro da autora, ela escreveu muita coisa divertidíssima. O meu favorito entre eles é Todo Garoto Tem, todo narrado em forma de e-mails ou diários, e é Meg Cabot em sua melhor forma. Ria alto das coisas que Jane e Cal diziam, especialmente desse último porque ele era tão... mal humorado. Saudades desses livrinhos, por sinal.


13) Tragam-me os Kleenex, faz favor (um livro que nos tenha feito chorar)

Eu já contei pra vocês que tem alguns anos que me fazer chorar não é mérito nenhum, visto que eu choro por tudo. Mas eu nem sempre fui assim, e é por isso que lembro tão bem do quanto chorei lá nos meus treze anos lendo Meninas de Calças, o terceiro volume da saga dos jeans viajantes. Chorei muito numa cena em que uma personagem está tendo um bebê (porque eu sou extremamente sensível com esses milagres diários da vida) e chorei ainda mais ao final ao ler, numa história que fala sobre amizade antes de falar sobre qualquer outra coisa, que "Naquele tempo, lá atrás, era exatamente como agora. Para enfrentar a correnteza, aprendemos a nos dar as mãos".

14) Esse livro tem um V de volta (um livro que não emprestaríamos a ninguém)

Pra essa pergunta, sinceramente, não tenho resposta. Não tenho nenhum livro raro nem nenhuma edição especial ou com a qual eu não viveria sem. A crença de que os livros estão aí para serem lidos e amados pelo maior número de pessoas possível é mais forte do que meu apreço pelas minhas edições em hardcover que não têm nem um amassadinho. Quanto mais eu amar um livro, maior a chance de eu querer te emprestar. Desde que você me devolva com todas as partes no lugar e sem derrubar café em cima, claro.

15) Espera aí que eu já te atendo (um livro ou autor que estamos constantemente a adiar)

Tem quase um ano que um livro que eu queria muito ler e dei a sorte de encontrar pela metade do preço na Cultura está repousando na minha estante esperando sua vez e sendo passado pra trás: A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende. Já ouvi muitas coisas boas a respeito, já li resenhas que recomendavam o livro pra todas as mulheres, tenho curiosidade a respeito e acho vergonhoso o quanto eu não li dos (provavelmente) incríveis autores latino-americanos, e esse pode ser o pontapé inicial. Por isso, eu garanto, vou ler. Assim que eu tiver tempo pra me dedicar direito à leitura (porque o livro é bem... longo).

Por último, claro, as indicações: passo pra Mell, pra Amanda, pra Lisa e pra quem mais tiver interesse.

(PS: estou muito chateada com a presença de zero títulos brasileiros nessa lista. Um dia ainda vou escrever um post sobre os clássicos brasileiros que eu amo e que queria que todo mundo amasse também).

Voltando às origens (com príncipes e palácios), ou: Fernanda lê um YA

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Apesar de toda minha defesa do Young Adult e de minha vontade de gritar toda vez que alguém aparece na internet com o famoso argumento do “por-que-vocês-não-leem-mais-clássicos?” (esquecendo, óbvio, que clássicos não são unanimidade, ou que, melhor ainda, você pode ler todos os clássicos do mundo e não absorver nada deles, ou, claro, de pensar no que são clássicos. São o cânone literário? E por que são, quem disse, e, poxa, por que quase todos foram escritos por homens brancos europeus ou norte-americanos?). Ops, vocês se perderam também? Desculpa, o que eu queria dizer é que fazia um tempinho que eu não lia um YA. O último foi Let it snow, e tive que fazer força pra não desistir. Não tinha nem vontade (nenhum disponível no momento, pelo menos. Chega julho, chega Sinner) de ler nenhum faz horas.

Daí chegou semana passada, que devia ter sido a semana mais tranquila do semestre. Risos, é claro que não foi. Eu estava bem cansada depois de tanto traduzir/ler artigo pra escrever projeto/escrever o tal do projeto. E eu queria ler, mas queria ler uma daquelas coisas que te envolvem completamente e só te deixam sair quando acabam. Foi quando li esse post da Analu, falando sobre aquela trilogia da Kiera Cass sobre príncipes e sociedades divididas em castas. O último volume foi lançado há pouco tempo e causou uma pequena comoção na minha timeline do twitter, mas só me convenci a ler mesmo depois do post, porque começa citando as coisas erradas dos livros e termina elogiando a autora. E eu li. Entre sexta-feira e ontem à noite, mais especificamente, li os três livros inteirinhos.

Eu sei que eu disse que odeio capas com modelos, mas a questão é: queria esses vestidos, especialmente o azul. E um evento onde fosse apropriado usar vindo junto, de preferência.

A Seleçãoé um processo que submete o herdeiro ao trono dos Estados Un... ops, de Illéa, ao que eu imagino que seria The Bachelor: Royal Wedding Edition. Eu nunca vi The Bachelor, mas acho o conceito bizarríssimo e ao mesmo tempo fico imaginando que deve ser o tipo de trash televisivo que é tão ruim que é bom (embora não chegue no nível Paris Hilton’s New BFF, sim, isso foi uma coisa que existiu). Trinta e cinco plebeias das diferentes regiões de Illéa são enviadas ao palácio e uma delas terminará casada com o príncipe Maxon e, por tabela, será a nova princesa. É meio difícil levar um livro com esse conceito a sério, ainda que a autora traga uma justificativa boa e acerte nisso: o herdeiro ao trono sempre casa com uma plebeia (teoricamente, pode ser qualquer uma que tenha idade pra isso) e isso dá esperança às pessoas. Elas (ou suas irmãs, melhores amigas, filhas, sobrinhas, etc) podem sair de qualquer lugar, de qualquer ocupação e passar a fazer parte da família real. E, é claro, você vende uma história pro povo ficar feliz, e clamo e quieto. Porque, sim, é uma distopia. Em algum momento no futuro, boa parte do continente americano foi transformado em Illéa, uma monarquia em que o povo é dividido em castas. Você só pode mudar de casta via casamento, ou se você for rico. Se você for pobre, vai ter que se contentar com aquela em que nasceu (e se contentar com a ocupação que ela permite que você exerça, mesmo que não tenha talento ou interesse algum naquilo).

É meio... esquisito. Não ajuda que a série comece muito abruptamente e não explique as coisas muito bem. E tem outras coisas incômodas. Estamos no futuro, creio eu, mas o namoradinho da protagonista, (curiosamente nomeada de America, ha) diz com toda convicção que é ele quem tem que mantê-la, e não o contrário, porque ele é homem. O papel das mulheres certamente regrediu bastante nesse meio tempo. Literariamente falando, a série não é sempre muito bem sucedida: a construção do universo ficcional é tão fraquinha, os twists surgem tão do nada e tantas ações não têm consequências significativas, o final é tão abrupto... Eu até acho que a Kiera encaminhou uma história bacana no segundo volume. Talvez se tivéssemos mais páginas no último, tudo tivesse funcionado melhor. Não aconteceu. Mas eu não quero acabar com os livrinhos, não. O que eu quero dizer é que se a intenção é ler um bom livro distópico, preocupado em explorar e construir esse aspecto, tem títulos bem melhores por aí.

Mas eu não quero falar mal, juro. Porque, olha, não nego que fui sugada pra dentro da história da America e nesses cinco dias só o que eu queria fazer era sentar debaixo das cobertas no solzinho e ler, ler, ler. Eu estava completamente entretida e shippando veementemente. Porque, gente, tem umas coisas meio erradas, tem um desnecessário protótipo de triângulo amoroso seguindo a escola Crepúsculo de como fazer YA, mas o romance é tão... bonitinho. O Maxon é daqueles personagens que são escritos sob medida pra você amar e eu amei. Mesmo revirando os olhos vez que outra. E, ok, a situação é frustrante às vezes. Mas eles são tão jovens e as escolhas têm proporções tão enormes. O cara tem que escolher uma menina entre aquelas trinta e cinco e apenas elas, daí vai casar com ela e, ainda por cima, trazê-la pra influenciar no governo do país que ele ama. E a menina escolhida tem que aceitar casar com ele e virar princesa e eventualmente rainha e ter um monte de responsabilidades para as quais ela não foi treinada desde o berço e que não sabe se pode aguentar. Só que ao mesmo tempo era fofo, e não deu pra evitar, eu estava torcendo. Mas torcer era conflitante porque, pra vencer a Seleção, a America às vezes teria que passar por cima da própria consciência e das coisas em que ela acreditava, e eu certamente não queria que ela fizesse isso. Com Maxon ou sem Maxon.

No fim das contas, a série ganha muitas estrelinhas no fator entretenimento. Kiera Cass domina completamente a arte de te prender na história, mesmo que você consiga perceber – enquanto não para de ler, devo acrescentar – que ela é bem pouco profunda e que a maior parte dos personagens são praticamente só tipos, de tão pouco desenvolvidos (esse não é o caso dos protagonistas, ainda bem, então é fácil de se importar com eles e com pra onde vão). Na minha humilde opinião, podia ter sido só um romance. A ambientação foi o maior problema, porque se você vai criar uma sociedade distópica de um modo tão insípido, explicando tão mal e sem explorar nenhuma possibilidade com profundidade, qual é o sentido de fazer isso? Não entrei no negócio só pra fazer às vezes de shipper, mas saí pensando que, analisando só por esse lado, a leitura valeu a pena.

(Se eu resenhasse pro Forever Young Adult, daria meu BFF charm pra America – apesar de ela não ser aquela protagonista que você ama, eu gosto de várias escolhas que ela faz, ainda sejam impulsivas e que eu tenha vontade de lembra-la que se ela tivesse mais paciência e parasse mais pra pensar, podia ser bem mais certeira nas suas empreitadas. E ela é corajosa. E tem opiniões fortes. E não aceita qualquer coisa. Ah, é: eu daria pelo menos uns oito na swoonworthy scale porque: sim).

Não foi aquele YA que eu quero recomendar pro mundo, mas foi divertido, foi rápido e foi como sentar pra ver TV sabendo que a gente pode até estar matando tempo, mas que às vezes isso é tudo de que a gente precisa. Por ora, estou voltando à programação normal e lendo o livro favorito de Bella e Edward. E, digam o que quiserem desses dois (por favor, inclusive), não dá pra negar que eles têm bom gosto literário.

Major weeper, parte II: em defesa das lágrimas

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Alguns meses atrás, contei aqui que hoje em dia não é muito difícil me fazer chorar, e que isso possivelmente significa que eu estou ficando velha, ou que fui atingida por uma maldição. Segunda-feira fui assistir à adaptação pro cinema de A Culpa é das Estrelas, um livro que eu adoro e defendo e que às vezes é referido por “nova modinha”, coisa que me dá urticária. Mas não vamos entrar no mérito. Já tinha ouvido por aí que as sessões do filme contavam sempre com uma trilha sonora extra: o público fungando por causa do choro. O que aconteceu na minha sessão também, e o que aconteceu comigo. Chorei muito nas cenas da Hazel com a mãe dela, chorei horrores ouvindo trechos do diário da Anne Frank (e não sei como alguém consegue ficar imune a isso, por sinal), eu basicamente... Chorei bastante. Saí correndo da sala assim que o filme acabou pra passar uma água no rosto, mas foi lá no banheiro ainda vazio que eu chorei mais porque daí sim eu absorvi o impacto da coisa toda que eu tinha acabado de assistir. Uma porção de gente na sessão saiu com os olhos vermelhos de lá, e pude ver e ouvir as pessoas ao meu redor – curiosamente, vários homens crescidos – fungando um pouquinho também (dei atenção especificamente pra isso não porque tenha alguma coisa de errado no fato, mas porque outra coisa que me dá urticária é ler e ouvir por aí que se emocionar com essa história é só pra “menininhas histéricas e sem critérios”).

Eu obviamente já esperava que muita gente não gostaria do filme, acharia clichê, acharia manipulador emocionalmente, acharia que o livro só fez sucesso por causa das fantasias de encontrar um Augustus Waters por aí (...eu adoro o Gus, mas venhamos e convenhamos: a, sei lá, terceira ou quarta coisa que ele diz pra Hazel é o “it’s a metaphor, see”, coisa que faz sentido pro personagem, mas que demanda uma única resposta, na minha humilde opinião: ugh, meu Deus. Sorte da Hazel que ela não deixou que isso a afetasse). Eu já esperava porque, bom, gostos são diferentes. Eu inclusive já esperava ler por aí as críticas às adolescentes histéricas/sem critérios/insuportáveis porque já aceitei o fato de que uma das coisas que o mundo mais ama fazer é tratar adolescentes do sexo feminino como se fossem seres bizarros que só merecem ser motivo de troça (recomendo a leitura disso aqui, por sinal).

O que eu não esperava é ter que me deparar com meus companheiros seres humanos rindo ou ridicularizando as “menininhas” por chorarem. Assim, de verdade. Eu vi isso. Está pela internet.

Como se não bastasse a necessidade que algumas pessoas sentem de controlar os gostos e interesses alheios, tem gente no mundo que ainda acha que está no direito de regular as emoções alheias também. As emoções. Eu não consigo enxergar nenhum cenário onde esse tipo de postura é compreensível ou admissível. Que bom se você não chora assistindo às Olimpíadas ou histórias de superação ou as pessoas que você ama conquistando seus sonhos ou personagens de Harry Potter morrendo ou o drama de personagens que precisaram aprender a conviver com essa doença maldita que é o câncer mais cedo do que a maioria de nós precisa aprender o que é uma responsabilidade. Tem dias em eu queria ser menos chorona, em que eu queria que meus olhos não enchessem de lágrimas quando eu estou no ônibus e de repente toca Born and Raised e tem uma coleção enorme de desconhecidos ao meu redor. Mas você realmente, realmente acha que existe algum tipo de... superioridade nisso? Assim, sério?

Pessoas diferentes têm sensibilidades diferentes e o que desperta essa sensibilidade certamente difere também. Não acho que uma pessoa que não se emociona com uma história que tanto me emociona tenha algum tipo de problema ou que não tenha coração ou que seja uma pedra, porque eu entendo que nem tudo com que eu estabeleço alguma conexão é significativo pros outros. Mas assim como eu respeito à sensibilidade alheia, e assim como eu tenho certeza de que todas aquelas pessoas se debulhando em lágrimas enquanto assistiam A Culpa (ou em qualquer outra situação, isso é o que menos importa) também o fazem, acho que o mínimo que a gente espera é ter a própria sensibilidade e as próprias emoções respeitadas.

Não é que eu adore chorar por aí, e já passei vergonha por isso, mas a ideia de um dia ser tão seca a ponto de rir dos sentimentos alheios é uma coisa que me assusta muito. Como eu contei lá naquele de post de fevereiro, quando eu era mais nova e em geral imune às lágrimas, eu achava engraçado que algumas pessoas fossem tão emotivas e fazia graça, mas daquele jeito meio “awww, não chora”, distribuindo abraços e essas coisas assim. Nunca com escárnio.

Tem um post no Tumblr (eu adoro posts motivacionais de Tumblr, me deixem) que diz que “conforme você cresce, as paixões enfraquecem e o entusiasmo é confundido com tolice” e que pode pra que você, por favor, se empolgue com as pequenas coisas. Conforme você cresce, muita coisa é confundida com tolice, e, na minha experiência, você mesmo passa a achar que algumas coisas são bobas. Mas eu acredito muito em manter o entusiasmo, mesmo que as suas paixões mudem e que seu entusiasmo se dirija a outras coisas. E, assim como acredito em manter o entusiasmo, acredito em manter suas emoções, em não deixar que o mundo te torne uma pessoa rígida e sem empatia e incapaz de sentir. Stay foolish, se quiserem colocar desse jeito. Mas que o mundo nunca nos torne aquela pessoa que, com tanta coisa pra se dizer nessa vida, escolhe rir de quem não deixou o mundo apagar sua capacidade de sentir.

Recomendo, inclusive. Faz bem.

Sobre mil e uma séries de tv

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Fico muito feliz quando consigo convencer alguém a assistir alguma das minhas séries preferidas, por isso fiquei bem contente quando a Milena me indicou pra responder esse meme criado pela Tadsh.

Eu gosto de marcar as coisas como vistas na internet porque isso coloca as coisas em perspectiva e ajuda a me lembrar de quanto tempo gastei fazendo isso. Mas eu abandono sem dó até coisas que um dia eu amei a ponto de fazer trabalhos a respeito (aka Lost) ou que eu elogio por aqui ou internet afora com toda a convicção (aka Elementary, Community). Só que, assim como abandono, começo séries a torto e a direito como se não houvesse outras coisas pra fazer, por isso sempre tem pelo menos umas dez na minha grade. Tipo essas:

Mad Men


Falei de Mad Men na minha lista de favoritos do ano passado, e ela é provavelmente minha série preferida atualmente. É bem bacana poder assistir de fora as mudanças que os anos sessenta trouxeram pra sociedade americana, e a gente vê isso através de uma infinidade de personagens e relações. E eles são fascinantes porque são tão bem construídos. A série não tenta fazer de conta que eles são o que não são, por isso não esconde os preconceitos, falsos moralismos, hipocrisia ou vícios de nenhum. A questão do anti-herói pode ser batida hoje em dia, mas muito disso se deve à própria existência do Don Draper. E, embora a série seja focada num cara, e tenha “homens” até no título, Mad Men tem uma meia dúzia de ótimas personagens femininas, tão bem desenvolvidas e relevantes quanto os moços. Eu gosto de como a série é focada nos personagens e não tem muito enredo, e de como você acaba se importando tanto com eles que, chegando no final, ouvir um “I love you” expressado numa voz monótona te deixa com lágrimas nos olhos.

Hannibal

Apesar de amar O Silêncio dos Inocentes, nunca senti muita vontade de assistir aos outros filmes sobre Hannibal Lecter. Nem nunca li os livros. Comecei a assistir à série porque gostei do trailer, mas também porque:


E o piloto foi ótimo. Confesso que não sou uma fã tão ardorosa de Hannibal como a maioria da meia dúzia de pessoas que assiste é, mas ainda assim acho muito boa. O moço por quem comecei a ver esse negócio não decepciona e entrega uma ótima atuação a cada episódio, assim como Mads Mikkelsen, que não se deixou intimidar ao ganhar o papel (e meu coração) que virou ícone na pele do Anthony Hopkins. É uma série violenta, mas de um modo elegante, em que os assassinatos são esteticamente agradáveis e em que as vítimas do Hannibal viram pratos finos muito bonitos, o que deixa tudo ainda mais bizarro. Ela é cheia de jogos psicológicos e cheia de suspense e acerta muito nisso.

Homeland


Saul, eu e o resto do mundo sobre Carrie Mathison.

Claire Danes é uma atriz excelente e nos últimos tempos tem carregado Homeland nas costas. A série do momento sobre a caçada a terroristas se perdeu um pouco no meio do caminho, mas ainda acho as duas primeiras temporadas incríveis: é a pura tensão do jogo de gato e rato entre Carrie, que trabalha na CIA, e Brody, um fuzileiro naval que era dado como morto só pra reaparecer depois de quase uma década sumido. É a pura adrenalina do não saber de que lado Brody está, o que a Carrie vai fazer dessa vez, se alguém vai acreditar na Carrie, se a Carrie está pirando nas suas teorias, se a CIA algum dia vai pegar Abu Nazir???

Downton Abbey


Minha novela das seis favorita, a história que opõe os dramas da aristocrática família Crawley e dos empregados pobres que trabalham na mansão segue firme e forte, com cenários de tirar o fôlego, figurinos lindíssimos e a representação do mundo que vai mudando pra nunca mais ser o mesmo depois da Primeira Guerra Mundial. Já revi as duas primeiras temporadas uma porção de vezes e inclusive escrevi um post explicando por que motivos vocês deviam assistir também– isso lá na época em que tudo era lindo e em que ainda estávamos à espera da famigerada terceira temporada, onde tudo começou a desandar. Eu ainda gosto e acompanho, mas é triste ver que algo que já foi tão bom sendo tão fraco.

The Mindy Project


A única comédia que eu assisto, Mindy não me conquistou logo de cara, mas fico feliz por continuar. Todo episódio me faz rir pelo menos um pouquinho (às vezes, muito), e eu adoro torcer pela Mindy. Ela é uma ginecologista/obstetra bem-sucedida, é alegre, tem sempre uma visão positiva das coisas e quer que a vida seja uma comédia romântica – e ela simplesmente sai e vai à luta. Além disso, me divirto muito com o mau humor do Danny, um outro médico que trabalha com ela (às vezes nos identificamos por aqui, inclusive), e as loucuras do Morgan, um enfermeiro que não tem nenhuma noção do que é um limite. Ah, a série se passa em Nova York, e é sempre mais um motivo pra amar.

Reign


Reign não é exatamente uma coisa boa, mas é uma coisa que prende. É um drama histórico da CW, canal onde ser lindo é obrigação e onde triângulos amorosos são tão importantes que eles inventaram um filho bastardo do Rei Henry II pra competir com o meio-irmão pelo coração da Mary, Queen of Scots. Você não precisa saber muito de história (eu não sei) pra perceber que a série não é historicamente precisa, mas ela não se propõe a fazer isso. Eu gosto do dramalhão, de como todo mundo está sempre pronto pra dar uma facada pelas costas nos outros, de assistir a Mary se transformando de uma menininha meio sonsa em uma rainha mais segura de si e de seu papel, do Francis porque Toby Regbo é bonitinho (#prioridades), dos vestidos de sweet sixteen e das coroas de flores que as meninas usam em pleno século XVI. É um bom e divertido novelão, e seria ainda melhor se a gente não tivesse que aturar um plot sobre sacrifícios pagãos com um quê sobrenatural.

The Newsroom


Eu sei que todo mundo já criticou o Aaron Sorkin por querer dizer como a cobertura de eventos reais deveria ter acontecido quando ele está a um ano de distância desses eventos e já sabe onde vão dar, e eu sei que todo mundo já criticou o fato de a Redação do News Night with Will McCavoy ser muito idealizada. Eu, como não sou imprensa, já critiquei as personagens histéricas, as piadas toscas e o fato de todo diálogo ser berrado. Sorkin me ouviu e, num geral, corrigiu essas coisas das quais reclamei (mas não o resto). Apesar de todos os problemas, gosto da série porque acho uma delícia acompanhar quais eventos que viraram notícia pra gente vão virar notícia lá dentro, e também a correria da redação. Não defendo das críticas, só gosto de acompanhar.

Prosseguir ou não prosseguir, eis a questão

Orphan Black


Orphan Black também foi umas das minhas séries favoritas no ano passado, e eu sigo afirmando que a primeira temporada é absurda de boa, mas a segunda não conseguiu me prender em momento nenhum e parei de assistir no quarto episódio. Sigo afirmando também a total excelência da Tatiana Maslany, que interpreta todo mundo na série de tal maneira que acaba ficando difícil de lidar com o fato de que é sempre a mesma atriz. Mas, enquanto ir descobrindo os clones e conhecendo cada um foi bem fascinante e o estabelecimento da premissa foi ótimo, o desenvolvimento daquilo que a primeira temporada nos deu tem sido tão... tão meh.

Doctor Who


Não faz o menor sentido eu gostar dessa série sobre um alien humanoide que viaja pelo tempo e espaço numa máquina do tempo disfarçada de cabine de polícia dos anos sessenta. Porque eu não gosto de ficção científica, muito menos de coisas que envolvam alienígenas e outros planetas. Mas fui convencida a ver e morri de amores pelo Doctor e pelas viagens pelo espaço-tempo. Tem algo de trash na série e nos seus efeitos ruins, mas ao mesmo tempo é tão cativante. Apesar de eu amar muito a quinta temporada, e de a sétima ter episódios que estão pra sempre no coração, nos últimos tempos a série perdeu um pouco da aura que ela tinha e virou uma coisa confusa que me dá preguiça. Por um lado, quero ver como será o novo Doctor (porque eu sempre adoro esse personagem), mas por outro... não tenho mais nenhuma vontade de ver o resto? Como proceder?

Não sei para quem indicar o meme, por isso se você quiser responder, responda e me avisa pra eu ver!

Copa das copas, Copa dos plot twists ou Copa que não vai ser nossa

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É difícil explicar, entender ou acreditar no que aconteceu ontem no Mineirão. Por mais contestadas que algumas escolhas do Felipão tenham sido, por maior que seja a superioridade dessa seleção alemã em relação à nossa seleção atual, sete a um não é um resultado que faça sentido ou que faça jus aos jogadores que nós temos, ainda que eles talvez não sejam o que estamos acostumados a chamar de jogador de Seleção brasileira.

Se o que aconteceu ontem foi pane, se é - aproveitando que o Leo DiCaprio esteve aqui na abertura da Copa - um pesadelo coletivo do qual a gente ainda vai acordar, não sei dizer.

Foi feio. Foi triste. Até derramei umas lagriminhas depois daqueles inacreditáveis seis minutos sobre os quais falaremos pros nossos netos.

Mas OBVIAMENTE não estou com vergonha de ser brasileira porque nossa seleção de futebol perdeu um jogo, mesmo que tenha sido horroroso. Assim como em 2006 e 2010, "não deu". Até 2018, na Rússia, tem muito tempo pra aprender, crescer e melhorar até lá, se os envolvidos e aqueles a quem isso compete quiserem.

Mesmo depois de ontem, porém, essa Copa continua sendo maravilhosa. Se tivemos tantos plot twists nela - a goleada da Holanda na Espanha, a Costa Rica deixando três campeões mundiais pra trás e dando uma canseira na Holanda, a mesma Alemanha que deu um banho nos nossos meninos passando sufoco pra passar pela Argélia - o de ontem foi mais um pra lista. Pra quem não estava envolvido, certamente foi bem engraçado, como foi pra gente ver Portugal levando quatro (ei, pelo menos eles não fizeram gol de honra. Nem mesmo tendo o melhor do mundo).

Contra as previsões catastróficas que diziam que o país não conseguiria sediar esse evento, não só conseguimos como estamos fazendo uma ótima Copa. Problemas teve, coisa que não ficou pronta a tempo também teve. Mas problemas, como a gente sabe, sempre tem. E já que a gente adora o olhar estrangeiro (uma pena que com tanta freqüência seja com inferioridade), todo mundo já sabe que eles em geral têm deixado nosso país com uma impressão positiva. Quanto à nossa Copa e quanto ao nosso povo, que acolheu os visitantes tão bem.

E que Copa boa de acompanhar vem sendo essa. Com tantos gols (os de ontem a gente ignora), tantas viradas, começando bizarramente com um gol contra, com times desacreditados avançando e vários grandes caindo logo na primeira fase, com gifs extraordinários e memes melhores ainda.


Que momentos, amigos.

E se ontem doeu lá no meu âmago - porque eu sempre me permito ter esperança e inclusive mandei todo mundo sair com o pensamento negativo pra bem longe - eu ao mesmo tempo fico feliz porque torci.

Nesse post muito bacana da Anna sobre esse hábito de sofrer com o futebol que a gente tem, contei nos comentários um pouquinho sobre o meu próprio hábito de sofrer. Já torci muito pelo Grêmio, que sempre vai ser meu time do coração, e sofri muito por ele também. Nunca vou esquecer do tamanho da minha decepção em 2007 na final da Libertadores que perdemos, embora, pensando racionalmente, ter chegado lá já tenha sido um feito enorme (e foi inesperado). O trajeto até chegar lá foi cheio de emoção. Torcer às vezes dói, mas às vezes também traz muita alegria.

Tem uns bons três anos que larguei o time de mão. Nunca vou trocar de time e não sei como tem quem consiga fazer isso, mas a verdade é que acho Gauchão chato, acho Brasileirão chato, e os jogos têm sido... chatos. Prefiro até assistir aos times da Europa pros quais eu nem ligo porque fazem jogos melhores (não que eu faça isso com frequência). Só que nesses casos o resultado simplesmente não é importante, mesmo que eu simpatize mais com algum dos dois times. Sentar no sofá pra ver, sei lá, um clássico espanhol pode até ser gratificante futebolisticamente falando. Mas o que acontece lá não tem relevância pra mim, não me move, não me afeta.

Essa Copa me lembrou o quão incrível é torcer, torcer de verdade. O quão fantástico é comprar uma bandeirinha pro carro e ver a cidade decorada, é tocar a corneta na janela junto com dezenas de vizinhos que eu não conheço, é comemorar um gol lindo que enche nossos olhos, é fazer de conta que tá tudo normal quando a gente ganha um pênalti de presente e xingar o juiz quando ele não nos dá um que de fato existiu, é sentir o coração disparar loucamente na cobrança dos pênaltis e querer dar um abraço coletivo no Júlio depois de passar por eles. E é conseguir rir pra não chorar quando aquilo que ninguém queria ver acontece.

Tive um professor no meu primeiro semestre na faculdade que disse que o motivo por que a gente vai numa festa, vai a um show, vai a um estádio de futebol (ou se reúne na frente da tv) é a nossa necessidade de vibrar em conjunto. E eu concordo com ele. É por isso que a gente se reúne e, além de tudo, se dirige pro twitter: pra gritar, xingar, chorar e rir de nervoso juntos. Ou por que o já tradicional hino cantado a capella é um momento tão poderoso que leva alguns brasileiros às lágrimas e provoca arrepios mesmo em gente que não tem nada a ver com o Brasil. Porque naquele momento, milhares estão ali pelo mesmo objetivo.

Ontem, perdemos e perdemos feio. A nossa seleção foi humilhada, levou porque errou uma vez após a outra. Claro que a vitória é mérito do adversário, mas muito desse resultado vem dos erros do nosso time, que falhou e foi muito. Sabe-se lá o que houve.

Fiquei triste e as entrevistas do Júlio César e do David Luiz logo depois do fim da partida me deixaram meio lacrimosa. Porque eu fico triste vendo qualquer jogador compreendendo a dimensão da própria falha e da própria derrota, e não seria diferente com os nossos. Mas juro que foi menos doído do que teria sido se a gente tivesse chegado perto de se classificar. Claro que ainda assim preferiria que a seleção tivesse perdido de um jeito mais honroso, mas teria sido mais difícil de lidar. A goleada foi tão surreal que fiquei meio anestesiada.


Quem é que queria ver esse homem chorando ontem? Ninguém, né.

Perdemos, mas a vida segue (embora o fim da Copa e a goleada que levamos tenham a capacidade de politizar e conscientizar zero pessoas, diferente do que os amigos do Facebook parecem acreditar). Perdemos, mas é só uma competição, é só futebol (embora isso dê zero motivos pra patrulha da emoção alheia criticar quem extravasou a emoção e a decepção através de lágrimas copiosas).

Mas a Copa não acabou pra gente ainda. Nem como anfitriões nem como torcedores. A Seleção fez feio ontem, mas não é feio lutar pelo terceiro lugar. Aliás, terceiro (ou mesmo quarto) entre 32 é bastante coisa. Não sei como vai ser pra estabilizar o emocional desse time, mas torço pra que isso aconteça e vou torcer muito pelo terceiro lugar no sábado. E torço pra me emocionar de novo ouvindo um estádio inteiro cantando o hino, unidos pelo mesmo objetivo. Nem que seja só pra provar que não somos "brasileiros com muito orgulho, com muito amor" só quando estamos ganhando.

E quanto ao resto da Copa: pra Holanda e Argentina fico dividida. Não queria era nenhuma na final, mas, por outro lado, a torcida holandesa não faz musiquinha dizendo que alguém é maior que Pelé (parem, hermanos, vocês sabem que estão errados). Depois desse mês de declarações de amor ao Brasil do Podolski (vão lá ler o twitter dele - recomendo - porque o tweet ocupou muito espaço do post), depois de o nosso amigo Schweinsteiger (joguei no Google mesmo) vestir a camisa do meu time (vem, Bastian!) e tudo, depois do show de classe e respeito da seleção alemã após a goleada inacreditável em cima do Brasil, estou aqui à espera do tetra deles. Mesmo que me doa um pouquinho torcer por um time europeu numa Copa que, por um tempinho, foi tão latino-americana.

Em 2018, a gente espera, #éTois (o que raiosé isso?) e vem o hexa e o primeiro título que as crianças que não tavam nem na barriga da mamãe em 2002 vão ver. Por ora, não esqueçam que todo mundo tenta, mas só o Brasil é penta #chupahater.

Sobre amar viajar e odiar voar

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Uma das coisas que mais amo nessa vida é viajar. Talvez porque sou extremamente (extremamente) apegada à rotina no dia a dia, já que é o jeito como eu consigo me organizar e dar conta do que é preciso fazer sem grandes momentos de estresse. E é quando estou viajando, quando estou de férias ou num momento de descanso, que eu me desapego completamente dela: esqueço que existe e não me importo nem um pouco de não estar seguindo nenhum tipo de planejamento mais específico.

A vista é maravilhosa.

Viajar pra mim é maravilhoso independente de eu estar conhecendo lugares novos ou de estar voltando aos lugares que amo, mas dos quais estou longe. Acho que nunca me sinto tão feliz e tão realizada como quando estou viajando, mesmo que eu tenha uma facilidade incrível pra passar mal longe de casa , o que me faz estar sempre atrás de canja de galinha (o estômago, amigos, ele é muito fraco) (e não sei andar em meios de transporte alternativos, tipo barco, sem precisar de remédio) (e o remédio também me deixa desconfortável). Talvez  eu goste tanto de estar longe de casa  de tempos em tempos porque não existe jeito melhor de ser lembrada do quão grande – do quão enorme – o mundo é e de como ele está  cheio de coisas e pessoas para descobrir.


Não reparem na cara da criança.
Acho que não usava mais aparelho nessa época, então é inaceitável não estar sorrindo: 1) No Maracanã; 2) Segurando tal camisa.

E eu gosto de estar na estrada - desde que o dia esteja bonito, de que não tenha chuva nem neblina. Provavelmente porque nunca tenho que estar dirigindo. Gosto de ver a paisagem ir mudando conforme a gente se afasta do ponto de partida e se aproxima do nosso destino. Acho que me agrada a noção de que, para nos aproximarmos mais do resto do país, do resto do mundo, temos as estradas.

Só que o mundo é grande mesmo. O Brasil em si já é enorme. Daí, fica bem difícil de fazer todos os trajetos só por terra (pela água eu dispenso, como vocês já devem ter imaginado). E eu odeio voar, coisa que entra na minha lista bem seleta de coisas que eu afirmo que detesto sem pensar duas vezes.


Datas nunca deveriam estar impressas nas fotos, mas pelo menos essas servem pra lembrar que era julho e eu estava na praia.

Enquanto estou lá em cima, nunca fico me questionando como o avião pode se manter a quilômetros de distância do chão quando a gente não deveria poder voar (ou a gente teria asas, não? ha). E também não tenho medo. Muito sinceramente, nunca penso nessas coisas. Tenho mais medo na própria estrada. Mas eu sempre me sinto terrível enquanto voo. Odeio viajar pelo ar porque toda vez que o avião decola, tenho uma sensação de queda horrorosa - não é medo de um desastre aéreo; não parece que o avião vai cair, parece que sou eu quem não vai conseguir ficar sentada e que meu cérebro está descolando do lugar ou algo assim. É difícil de explicar a sensação, mas se você me vir num momento desses, meu rosto vai ter perdido toda a cor, eu estarei suando frio e falando desesperadamente sem pensar direito só pra manter minha mente longe de qualquer pensamento na linha do “por que estou me submetendo a essa tortura de novo?”.


Daí eu olho em volta e tem gente dormindo, tem crianças sorridentes. Todo mundo parece cem por cento confortável e eu estou lá, me perguntando por que é que pra poder fazer uma coisa  de que eu gosto tanto  é preciso ter tanto sofrimento. Ok, talvez sofrimento seja uma palavra forte, mas é bem desconfortável sentir tontura durante a decolagem inteira e, ainda por cima, saber que não tem como pedir pra parar, pedir pra descer, desistir no meio. Geralmente quando o avião se estabiliza numa determinada altura, eu me sinto bem melhor e me distraio com outras coisas. O pouso é sempre mais tranquilo; vai ver é por causa da felicidade de saber que está acabando.

Mas quando o avião finalmente toca o solo de novo, é um alívio. Sair de dentro dele é maravilhoso. Não importa se estou indo ou voltando, de onde ou pra onde estou indo.


Ao fim de cada voo, a sensação que fica é a de “venci o transporte aéreo de novo”. Porque é ruim, mas não o suficiente pra me impedir de fazer algo de que eu gosto tanto. Claro que preferiria utilizar tele transporte (se bem que provavelmente ia me sentir mal de qualquer jeito), mas uma vez que ele não existe, eu faço o que dá. Mesmo ficando nervosa, mesmo suando frio, mesmo que eu sempre fique tensa enquanto o avião está na pista, mesmo com todo o desconforto na hora de deixar nosso lugar natural - o chão - pra trás, prefiro passar por tudo isso a simplesmente não ir.

Europa.

Acho que dá pra transformar a experiência numa metáfora pra outros momentos da vida (desculpa). Tudo bem que às vezes o mais importante é a jornada, não o destino, mas não acho que seja o caso das viagens. E nem de vários outros momentos da vida. Às vezes a jornada pra alcançar uma coisa incrível ou uma coisa que a gente almeja muito se parece um pouco as minhas viagens de avião: é desconfortável e algo que  a gente preferiria evitar. Mas os voos nunca são uma parte tão significativa assim, e vale a pena passar por eles para chegar lá e viver o que vem depois.

Aqui começou o Brasil, etc, e eu não me empolguei o suficiente com o fato.

Tentei ilustrar esse post com fotos de alguns lugares que conheci e amei. Mas foi bem difícil: não sou muito ligada a câmeras e fotografia, apesar de amar visitar perfis alheios no Flickr e viajar por tabela junto com seus usuários (por que viajar é tão caro? Dá pra tirar daí outra lição de vida?). Acho que dá pra perceber isso considerando o quanto meu Instagramé desatualizado: eu geralmente só penso em fotografar alguma coisa pra postar lá quando estou entediada em casa. Fora isso, não ajudou nada na minha missão de ilustrar esse post que sejam muito raros os momentos em que eu me presto a servir de modelo e a ser fotografada sozinha. Fiz o que deu.

Filmes que eu amo rever

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O último filme que assisti foi A culpa é das estrelas, no comecinho de junho. Depois disso veio aquele evento que ocupou todas as minhas tardes livres por um mês; daí, precisei (re)aprender a assistir outras coisas e comecei a ver Friday Night Lights: contra todas as previsões, estou amando essa série sobre futebol americano, quem diria. Depois fui viajar. Nesse meio tempo eu, que via uns oito filmes num mês desanimado, não assisti a nenhum.

Foi refletindo sobre isso, e sobre como eu poderia voltar a ser a pessoa empolgada com cinema que já fui (até o mês passado, quer dizer), que eu resolvi falar um pouquinho sobre os filmes que eu estou sempre revendo. Passo por fases: às vezes só quero ver comédia romântica leve e feliz, às vezes quero ver muito drama, às vezes thriller de disparar o coração, às vezes filmes cheios de gente contemplativa e solitária...

Mas a verdade é que sempre arranjo um tempinho pra rever esses:

1) O amor não tira férias (Nancy Meyers, 2006)

Até citar esse filme no meu perfil ali na lateral do blog eu cito. Esse cai naquela categoria das comédias românticas leves e felizes, e é tão, tão amor. São dois romances paralelos nas férias de Natal/Ano Novo: uma em Los Angeles, a outra numa cidadezinha nos arredores de Londres. E eu adoro as duas. Mas o que eu mais amo é a história de amizade que surge entre a personagem da Kate Winslet e o do Eli Wallach (RIP): uma jovem mulher vivendo um amor não-correspondido e um senhor idoso roteirista de cinema. Os dois ensinam lições maravilhosas um ao outro e é tão bacana, tão bonito! Pra completar a coisa toda tem: Inglaterra no inverno, Jude Law, filhinhas fofas, trilha sonora do Hans Zimmer, personagem que compõe trilhas sonoras pro cinema, Natal... Revejo todo fim de ano.

2) Quase famosos (Cameron Crowe, 2000)

Provavelmente meu filme favorito do Cameron Crowe, Quase famososé o tipo de história que eu gostaria de ter vivido, ao menos em partes. Quer dizer, o protagonista é um garoto de quinze anos que sai na estrada junto a uma banda em ascensão pra escrever um perfil dela pra Rolling Stone. Claro que a coisa não é só alegria, mas se eu jornalista fosse (e eu bem que tentei, quem lembra?), amaria fazer esse tipo de coisa. É um filme bem legal com muita música, muita estrada, muito amor à música, muitos bons diálogos e uma atmosfera bacana. Confesso que já teria comprado esse DVD há séculos se ele não tivesse sido lançado no Brasil com aquela capa horrorosa ao invés dessa com os óculos escuros.

3) Sociedade dos poetas mortos (Peter Weir, 1989)

Eu gosto dessas histórias sobre professores inspiradores que chegam numa escola pra mudar a vida dos seus alunos porque eu acho que muitas vezes é isso que nossos professores fazem. Talvez não algo tão dramático quanto revolucionar nossas vidas, mas pelo menos ajudar a abrir nossa mente e fazer com que nos tornemos pessoas melhores. Acho esse filme muito interessante por trazer toda essa exaltação às palavras, à poesia (eu quase não leio poesia por prazer, mas estudo Letras e sei muito bem o quanto é comum que “medicina, direito, negócios, engenharia”, que de fato são importantes e necessárias pro mundo, sejam muito mais valorizadas do que a arte, do que as palavras, que são coisas tão essenciais pra mim). E, é claro, também é bacana por exaltar também o pensamento independente, a vontade de pensar sobre as coisas, o não querer se resignar às “vidas de desespero silencioso”. Tem momentos bem pesados e bem tristes, mas a verdade é que sempre termino de rever pensando “que filme incrível” e emocionada por motivos de: “O Captain! My Captain!”

4) Orgulho e preconceito (Joe Wright, 2005)

Sou super fã do Joe Wright, que sempre faz filmes visualmente interessantes e bonitos, mesmo aqueles que não são muito meu tipo de coisa. Acho que Desejo e reparaçãoé um filme bem melhor do que O&P, mas porque ele é muito doloroso, revejo bem menos do que esse. É verdade que muitos estudiosos/fãs de Jane Austen não gostam dessa adaptação, mas eu admiro bastante. Gosto do tom mais jovem da narrativa, acho a interpretação da Keira fantástica e gosto da leitura que esse filme faz do Darcy. Além de tudo isso, é um filme de encher os olhos, tem aqueles planos longos lindos, a trilha maravilhosa do Dario Marianelli... E é aquele romance que todo mundo ama.

5) Across the universe (Julie Taymor, 2007)

Eu adoro esse musical, já que ele traz ótimas interpretações de músicas que eu adoro também. Quer dizer, é um musical com canções dos Beatles! Não sou super fã da banda nem nada, tenho uma preguiça absurda dos fãs “real music!!!” que existem por aí hoje em dia, mas gosto da música deles e gostei de como foram inseridas aqui. Os números musicais são ótimos e a historinha de fundo, apesar de não ser nada de outro mundo, é bem legal também, como costumam ser essas narrativas que falam dos acontecimentos dos anos sessenta/setenta nos Estados Unidos.

6) Legalmente loira (Robert Luketic, 2001)

Quando assisti a esse filme pela primeira vez, não estava levando muito a sério. Mas a verdade é que acho uma comédia fantástica. Nada me deixa mais contente do que ter uma protagonista patricinha, loira, membro de uma irmandade, que gosta de festa, de rosa, de passear com o chihuahua... Mas que é, sim, inteligente, autoconfiante e uma pessoa genuinamente ótima. Quebrando todos os estereótipos. O filme também não deixa de chamar atenção sobre todas as pessoas que julgam a Elle Woods justamente por ela ser a patricinha loira etc. E faz aquela oposição comum entre a patricinha e a menina estudiosa e “desarrumada”... só pra acabar com esse estereótipo também. E a resolução do caso é ótima! Lembro que esse filme até me deixou com uma pontinha de vontade de cursar direito, mas eu nunca seria Elle Woods e deixei pra lá.

7) Tudo acontece em Elizabethtown (Cameron Crowe, 2005)

Cameron Crowe é amor, gente. Eu acho tão esquisito que esse filme tenha sido tão mal recebido porque acho tão fantástico e faço questão de rever sempre que ligo a televisão e ele está passando. Porque é uma boa história, tem família, tem romance, tem fracasso e volta por cima mas sem ser superação inspiradora, é verdadeira e com sentimento. Eu sou simplesmente fascinada pela road trip que acontece nos minutos finais do filme e meu sonho é que um dia o mapa feito pro protagonista realiza-la seja publicado pra gente poder fazer a mesma viagem. Sério. A trilha sonora é ótima e eu sempre ouço no youtube. E tem passagens maravilhosas. Acho que uma das frases que eu mais amo nesse filme e que tenho vontade de tatuar na pele pra levar comigo é “sadness is easier because it’s surrender”. Ou o monólogo no final.

8) Penelope (Mark Palansky, 2006)

Filme amorzinho, simplesinho e sem grandes pretensões que brinca com os contos de fadas de um jeito bem legal. É tudo meio exagerado, mas contos de fadas são assim, não são? O aprendizado da Penelope é super legal de acompanhar e amo como (spoiler) é ela quem quebra a própria maldição e é quem realmente precisa se aceitar pra que isso aconteça. Acho que passa uma mensagem bem legal (mesmo que clichê) sobre se aceitar e gostar de si mesmo – que nunca é demais. A Christina Ricci está ótima. É tudo colorido e bonito. É o filme onde James McAvoy (celebrity crush eterna da pessoa que vos fala) está mais amor no mundo. Toca Hoppípolla nos créditos finais. Sei lá, não tem como não amar.

Tem vários outros filmes que caberiam nessa lista, acredito: Questão de tempo só não está ali porque ainda não tive a oportunidade de rever, mas já sei que vou fazer isso sempre; Feitiço do tempo, Curtindo a vida adoidado, Enquanto você dormia, Harry e Sally, Meia-noite em Paris... Tudo entra aí. Como deu pra perceber, pra eu rever toda hora o filme tem que levantar o espírito mesmo. Nada de muito forte pois não sei lidar com repetição dessas experiências, mesmo que valham a pena.

Gostaria muito que vocês me contassem quais são os filmes que vocês amam rever. Quem sabe assim eu não descubro mais histórias pra incluir nessa lista?

Agosto sem posts e segundo semestre do desânimo

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Quase por milagre, desde fevereiro esse blog não passava um mês sem post. Julho que, olha só, inaugurou esse zicado segundo semestre de 2014, teve três (!) posts. Três pode parecer pouca coisa, mas tudo depende do seu ponto de vista. Pra mim, com minha tradição de longos textos de quase duas mil palavras sobre finales horríveis de séries sobre caras chamados Ted Mosby, três posts é bastante.

Ano passado, vim até aqui justo em agosto para dizer que o blog não estava abandonado e que eu eventualmente apareceria aqui de novo (e para compartilhar um porquinho tomando sorvete). Esse ano, nem dei o ar da graça. Em outubro de 2013, vim falar um pouco mais de blog, da vida e tudo mais, e do porquê de ele estar sempre abandonado. Afinal, eu gosto de escrever, e eu gosto de ter esse espaço pra fazer isso. Ele não é uma obrigação, mas mesmo assim acaba entrando na lista das coisas deixadas pra depois porque: procrastinar sempre vem antes. Só que, ironicamente, não tenho mais feito tanto disso. Propostas de ensaio sobre cultura norte-americana à parte, está tudo bem bonitinho e em dia no quesito compromissos.

Mas o blog, pobre dele, anda às moscas. E, pior ainda, nesse meio tempo não devo ter comentado em mais do que meia dúzia de posts em toda a internet (e vocês sabem que eu gosto de comentar, vide os longos textos que eu deixo nas caixas de comentários dos blogs alheios) (desculpa qualquer coisa, é só avisar).

É engraçado. Às vezes, no ônibus, ou na rua, ou quando estou tentando prestar atenção na leitura de um texto, eu penso ou vejo alguma coisa sobre a qual gostaria de comentar aqui. Daí chego em casa, sento na frente do computador e mal consigo compor um Tweet - quanto mais um post.

Esse sentimento começa mais ou menos em abril. E só passa depois de dois meses longe.

A questão é que esses dias me peguei pensado que, quanto mais o ano passa, menos ânimo eu tenho. Pra escrever sobre nem precisar de viagem no tempo, ou pra finalmente sentar e digitar a indicação empolgada de Veronica Mars, pra complicar um projeto de pesquisa simples com a intenção de deixar ele mais interessante (ainda que mais trabalhoso), pra sair pra caminhar no sol e calor com o objetivo de resolver pendência...

Acho que o segundo semestre é problemático porque, embora janeiro e fevereiro não tenham propriedades curativas, não façam mágica e na verdade sejam bem mais desagradáveis do que outros meses por motivos de extremo calor, o jeito que a gente mede o tempo é esse: janeiro é o começo e dezembro é o fim. O ano começa, passa, termina e eu sempre tento me convencer de que no próximo ano vou melhorar enquanto ser humano e tentar mudar aquilo que não me agrada porque, seguindo um bom conselho que vi na internet por aí: "se você não gosta de onde você está, mova-se. Você não é uma árvore". É ridículo? É. Mas é assim que funciona.

A gente quantifica e marca o tempo e embora a vida não entre num novo ciclo a cada começo de ano, por algum motivo, se você não for muito cético, a impressão que fica é essa. É ridículo o número de vezes em que eu já empurrei coisas para o próximo ano (como se janeiro de fato fosse um mês mágico) ao invés de resolvê-las e encará-las de uma vez. O começo do ano traz uma energia diferente. Uma sensação de que existem muitas possibilidades (e eu já falei disso por aqui também). O fim do ano traz cansaço, e talvez a sensação de falha porque eu não cumpri as minhas ~metas~, mesmo que eu tenha desistido há tempos de escrever resoluções de Ano Novo por causa disso.

Não é e nem nunca foi uma resolução de Ano Novo manter esse blog atualizado. Não acho que o que eu escrevo é, assim, particularmente interessante, e muito menos necessário (mais sobre isso nesse post incrível, que não é meu, e sim da da Milena, mas com o qual eu concordo completamente). Mas o diálogo com qualquer pessoa que dedica uns minutinhos do seu tempo pra ler o que eu escrevo e deixar uma resposta é, sim, importante. Compartilhar o que eu tenho visto de mais bonito e bacana por aí (seja ficção ou seja realidade) é necessário. Mesmo que seja só pra mim mesma. Eu queria especialmente poder sempre compartilhar aquilo que me deixa feliz, que faz bem ou que me faz pensar. Mas não adianta: quanto mais o ano passa, mais eu me faço aquela pergunta horrenda sobre "qual é o sentido?", menos me empolgo pra fazer isso. O espírito só volta a se animar em cem por cento quando o semestre está perto de terminar e as propagandas de Natal do Zaffari* começam a passar na televisão e eu estou liberada pra ouvir cover pop de música natalina brega. Porque mesmo com consumismo (etc etc), mesmo com verão de quarenta graus, mesmo que os dias 24 e 25 em si não sejam empolgantes, o que tenho a dizer sobre dezembro é que: 'tis the season to be jolly.

Com tudo isso, não queria chegar a nenhuma conclusão lógica ou natural a partir de uma linha de raciocínio (que na verdade não existe). Só queria dizer que: estou viva, estou bem, não estou lendo mais nada e estou com medo de ter virado uma daquelas pessoas cuja concentração dura só dez minutos, mas estou por aqui. Eu obviamente vou aparecer de novo em breve pra falar de Friday Night Lights - já que eu gosto de compartilhar as coisas incríveis que eu vejo por aí, é meu novo projeto de vida fazer alguém assistir. Aguardem.
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* Esse post não é um publieditorial - estou só seguindo a linha de compartilhar-as-coisas-boas -, mas se você não tem a felicidade de assistir a esses comercias na televisão, eu recomendo demais (demais!) perder uns minutinhos vendo. Eles devem ajudar, de modo subliminar, a fazer pessoas trocarem de supermercado, mas não têm nada a ver com compras e supermercado e são das coisas mais lindas que existem. Especialmente a última, de 2013, e a de 2005.

Bem mais do que futebol americano, ou: aquele post obrigatório sobre Friday Night Lights

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Uma cidadezinha do Texas. Os Panthers, o time de futebol americano da escola de ensino médio da cidade, são a paixão dos moradores. Tem um cara, divorciado há pouco, que vive e respira futebol americano. Os filhos pré-adolescentes dele, que foram morar com a mãe depois da separação, aparecem para fazer uma visita. O menino chega com uma camiseta com o escudo da CBF (sim) e diz pro pai que agora gosta de futebol (o nosso, não o deles). Tudo bem que as crianças estão passando por aquela fase em que todo mundo fica meio insuportável vez que outra, e elas ainda estão aprendendo a lidar com o divórcio dos pais. Mas o garoto vai para o jogo de sexta-feira à noite dos Panthers com a maior cara de bunda do mundo. Aí o jogo vai acontecendo, os Panthers fazem boas jogadas, a torcida se empolga, o garoto começa a sorrir e a torcer e, no fim, as crianças dizem que se divertiram muito.
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Essa trama acontece lá pela metade da terceira temporada e, quando assisti, pensei na hora que aquelas crianças poderiam ser uma boa representação da minha relação com Friday Night Lights e com esse esporte bizarro dos touchdowns. Comecei a assistir à série quando a Copa do Mundo se encaminhava para o seu final e eu, que tinha acabado de entrar em férias, estava atrás de uma nova distração. O episódio piloto nos apresenta aos vários personagens e à atmosfera da cidade de Dillon, além da relação de amor da dela com o futebol americano, parecida com a nossa com o futebol: lá todo mundo fecha o comércio e outros serviços para assistir aos jogos de sexta-feira à noite, todo mundo é especialista e tem sugestões sobre como treinar o time e todo mundo as comunica ao técnico quando encontra com ele pela cidade.


Agora, sintam o drama, que começa a ser estabelecido logo no piloto: o quarterback do time é uma estrela e o grande nome do time. No meio do primeiro jogo da temporada, ele se machuca e precisa ser substituído. Não tem ninguém tão bom quanto ele pra entrar no lugar, e o campeonato acabou de começar. O time inteiro está tenso e amedrontado. A pressão em cima do coach Taylor é tão grande que já tem gente mandando ele fazer as malas depois de um jogo decepcionante.

Ainda que tudo isso seja muito bem feito, minha reação inicial à série foi reservar um pouco de descrença em relação a tudo que ela tinha pra me oferecer depois. Além de, é claro, me perguntar comoé possível que todas essas pessoas se empolguem tanto e gostem tanto de um esporte tão... chato. Corta o futebol americano pra uns três minutos por episódio que fica mil vezes melhor, pensei.

Mas aquele clichê é verdadeiro: acima de tudo, é uma história sobre pessoas. Aos poucos você vai percebendo que os Panthers são só um pano de fundo pra falar sobre essas pessoas, que estão todas ligadas ao time de uma forma ou de outra. Conforme os episódios vão passando, você começa a se importar com elas. Com o técnico do time que está tentando manter o grupo de pé em meio às dificuldades e que precisa aguentar a desconfiança da cidade toda porque perdeu um jogo. Ou com a família dele, que tenta se estabelecer naquela comunidade, mas que sabe que vai ter que segui-lo para onde quer que ele vá se tudo começar a dar errado. Ou o menino que era estrela e já tinha todo o futuro planejado e de repente é confrontado com a impossibilidade desses planos. Com o outro, que precisa substituir o ídolo da cidade, mas é completamente desacreditado por todo mundo e ainda precisa trabalhar, precisa cuidar da avó doente e ser um adulto responsável quando ele ainda é adolescente. Com o cara à primeira vista meio babaca que acredita ter sido o responsável pela lesão da estrela do time. Com a garota que tem medo de criar expectativas pro futuro porque acha que nunca vai conseguir conquistar nada e "quebrar o molde".

Os roteiristas de FNL têm um grande carinho por seus personagens, que nunca são usados como meras ferramentas para desenvolver o enredo - não, eles são o foco. Nenhum é privado de desenvolvimento e crescimento, e todo personagem importante recebe uma despedida digna. Porque em uma série com tantos protagonistas adolescentes que têm sonhos muito maiores do que aqueles que a pequena Dillon pode oferecer, muitos precisam, eventualmente, partir, e a série permite que eles façam isso.

E aí você começa a perceber que o futebol também é, pra muitos daqueles garotos, uma chance pra alcançar esses sonhos maiores do que uma cidadezinha do interior do Texas. Ou pra, dentro de Dillon mesmo, dar mais sentido às suas próprias vidas - porque ali eles são bons e têm um objetivo pelo qual trabalhar. Coach Eric Taylor, personagem maravilhoso que rendeu um Emmy pro Kyle Chandler, inspira esses garotos dentro do campo e nos vestiários, mas ele também se preocupa em encaminhá-los do lado de fora também. É a figura paterna que muitos personagens da série não têm. Tami Taylor, interpretada pela fantástica Connie Britton, começa como apenas a esposa do técnico e acaba tendo um papel importante na vida de vários desses adolescentes porque ela sempre se importa. Através desses adolescentes, a série apresenta diversos temas, tipo a desigualdade social e a falta de oportunidade que muitos desses jovens enfrentam, o preconceito racial, o abandono em que muitos vivem por causa dos pais ausentes e a influência que isso têm em suas vidas, as complicadas - e diferentes - relações familiares. Além, é claro, dos temas típicos da adolescência, em geral bem explorados.

Por causa desses personagens maravilhosos para quem os Dillon Panthers têm tanta importância, eventualmente comecei a me empolgar até mesmo com o campeonato estadual. Já na primeira temporada eu estava envolvida e tinha a sensação de que me sentiria pessoalmente ofendida se os meninos de Dillon não ganhassem aquele raio de campeonato no final. Bem como aquele garoto vistando o pai, comecei apática e terminei torcendo.


Clear eyes, full hearts, can't stop crying, como diria a internet.

Já falei inúmeras vezes por aqui que não é muito difícil me fazer chorar, mas FNL conseguiu fazer mais e encher meus olhos d'água numa sequência de uns dez episódios seguidos (e em mais uns outros dez perdidos pelo resto da série, provavelmente). Isso tudo sem ser manipuladora, e pouquíssimas vezes com momentos grandiosos demais, coisa que o roteiro e direção da série quase nunca se permitem.

Aí, em determinado ponto, às vésperas de um jogo muito importante, uma das personagens lê em voiceover um trecho do ensaio que enviou como parte de sua inscrição na universidade. É uma coisa que ela nunca se permitiria fazer lá no começo, por medo de não conseguir e por causa de como ela aprendera a se enxergar graças à imagem que os outros tinham dela, e você percebe o quanto a personagem cresceu. Enquanto ela lê, a série te oferece uma montagem com os momentos pré-dia-de-jogo vividos pelos diversos protagonistas. Ok, é um daqueles raros momentos grandiosos e um pouquinho manipuladores a que a série se permite. Mas é lindo. E você lembra que Friday Night Lightsé bem mais do que futebol americano. Ganhando ou perdendo, vai ficar tudo bem. Isso nunca foi o mais importante.
Dois anos atrás, eu tinha medo de querer coisas. Imaginava que querer levaria a tentar e tentar levaria ao fracasso. Mas agora descobri que não consigo parar de querer. (...) Não é que eu ache que vou conseguir todas essas coisas. Eu só quero ter a possibilidade de consegui-las.
FNL é uma série sem pretensões grandiosas que vai te conquistando aos poucos. Teve seus enredos pouco inspirados, boa parte da segunda temporada foi tão fraquinha que a própria série buscou enterrá-la do jeito que foi possível, algumas atuações são bem medianas, principalmente quando comparadas com o pessoalmaistalentoso. Mas que história linda, linda e humana, que poucas vezes perdeu a aura de realismo e tão respeitosa com o desenvolvimento de seus personagens. Na linguagem de Eric Taylor, you listen to me, let me tell you something, I can promise you right  here, right now, que tem grandes chances de você morrer de amores por esse mundo de Dillon também, se estiver disposto a dar uma chance. Lá no começo, eu não imaginava que Friday Night Lights me faria voltar ao pouco saudável binge-watching. E, principalmente, eu não acreditaria se alguém me dissesse que eu estaria escrevendo um comentário tão elogioso sobre uma série com foco tão grande num time de futebol. Hoje, porém, eu só posso dizer isso: vem, gente!


O tweet é do Seth Meyers. Mas poderia muito bem ser meu, que só tenho mais um episódio antes do fim.

Em tempo: se você quiser entender um pouco melhor como o futebol americano funciona (eu, particularmente, acho bem confuso), aqui tem um infrográfico bem lindo e legal - e simples. Não que seja necessário. Terminei de ver a série, amei, recomendei por todos os lados, e até hoje não entendo muito bem.

Taylor Swift Book Tag

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Eu adoro a Taylor Swift. Descobri as músicas dela quando tinha uns dezesseis anos e estava atrás de algo que soasse bem como trilha sonora de um trabalho que eu precisava apresentar (ah, que saudades do ensino médio e da possibilidade de transformar seminários em vídeos feitos no Movie Maker). Na época, Taylor era bem country, e eu adorava, mas celebrei a transição dela para o pop (Red é um álbum maravilhoso demais) e, por mais que tenha torcido um pouquinho o nariz pra Shake it off quando ouvi pela primeira vez, no dia seguinte já estava cantarolando, bem alegre, que haters gonna hate hate hate hate hate. Tudo isso, somado à pessoa pública que a Taylor tem apresentado nos últimos tempos, vestindo camiseta de meme do Tumblr e dando entrevistas tipo essas para o Guardian e para a Rolling Stone, me faz continuar admirando a moça mesmo hoje que sou velha (risos).

Daí, não tinha como não amar esse meme para o qual a Ana, do Oh So Fangirl, me indicou.

A proposta é bem simples: relacionar livros diferentes com os títulos de músicas selecionadas da Taylor.


Red (escolha um livro com capa vermelha) • Porque eu sou monotemática, e porque estou pensando em relê-lo, vou ficar com o onipresente (nesse blog) The Scorpio Races, daquela que atualmente deve ser minha autora de YA favortia, Maggie Stiefvater. Nenhumas das edições americanas tem capa realmente vermelha - elas são de um marrom avermelhado - mas vou trapacear um pouquinho porque a edição britânica tem. Amigos, esse livro é lindo lindo lindo. Prosa incrível, cenários maravilhosamente descritos, personagens lindos. (Leiam!!! Ok, prosseguindo).

We Are Never Ever Getting Back Together (um livro ou série que você estava amando, mas que depois você decidiu que queria "terminar" com ela) • Os Instrumentos Mortais. Sei que essa série da Cassandra Clare é meio polêmica na internet, mas eu me diverti horrores lendo os três primeiros livros da série: tem personagens bacanas, é fantasia urbana que se passa em Nova York, tem amor proibido, tem mocinho ultra sarcástico e convencido... Originalmente, era uma trilogia, mas por motivos de $, provavelmente, e porque a Cassie só sabe escrever no mesmo universo, ela inventou de incluir mais três livrinhos. Li um e meio e: que morte horrível.

The Best Day (um livro que faça você se sentir nostálgica) • Não teria como a resposta ser outra que não Harry Potter e a Pedra Filosofal. Foi o primeiro livro "longo" e "difícil" que eu li, aos oito (nove?) anos, que mais tarde compartilhei com muita gente e através do qual acabei fazendo amizades com pessoas incríveis. Esses dias, enquanto assistia a (parte da) maratona dos filmes na TNT, me peguei sentindo saudades e pensando em quanta sorte eu tive por ter crescido junto com Harry, Rony e Hermione.

Love Story (um livro com uma história de amor proibida) • Depois de muito encarar a estante, fiquei com As Brumas de Avalon. Gente, não sei lidar com incesto, não, desculpa, mas era bem triste acompanhar Arthur apaixonado pela meia-irmã a vida inteira, ainda mais porque eles nem crescerem juntos e... Por que fazem isso, autores? (Aliás, faz muito muito tempo que li essa saga e acho que valia uma releitura).

I Knew You Were Trouble (um livro com um personagem mau, mas que apesar disso, você não conseguiu resistir e se apaixonou dele) • Depende de qual é sua definição de um personagem mau. A verdade é que eu costumo gostar dos que são bonzinhos, dos genuinamente esforçados para serem pessoas boas ou de personagens que até se apresentam como "maus" pro mundo, mas na verdade não são (pontos extras se na verdade eles são secretamente ~almas torturadas~ por baixo de todo seu comportamento duvidoso).

Innocent (um livro que alguém estragou o final para você) • Ainda lembro da aula de cursinho sobre Grande sertão: veredas em que ganhei um belo spoiler do final do livro. Tive que ler mais tarde, pra faculdade, mas a verdade é que o spoiler não diminui em nada a força da conclusão do livro.

You Belong With Me (um livro que você está ansiosa para que seja lançado e que você possa ler) • Já fui mais ansiosa com relação a lançamentos de livros, mas a verdade é que nesse momento - tenho evitado as séries, especialmente as não concluídas - não consigo pensar em nada. 20/10/14: Blue Lily, Lily Blue, o terceiro livro do Raven Cycle (Maggie Stiefvater, você por aqui de novo) lança amanhã, então vou ficar com: o quarto livro dessa série, que eu não sei quando chegará até nós. E ainda nem terminei o segundo.

Everything Has Changed (um livro em que o personagem se desenvolve bastante) • São minhas histórias favoritíssimas, por sinal. Gosto muito de personagens que ainda são crianças porque isso costuma acontecer com elas - afinal, é quase inevitável. É o caso da Scout de O Sol é Para Todos. Gosto especialmente do desenvolvimento da visão dela em relação ao vizinho estranho dos Finch, o Boo Radley, mas também de como ela passa a enxergar a si mesma e às suas responsabilidades. Algumas pessoas acham essa última parte um aspecto ruim da obra, mas eu acho que apenas faz parte de crescer.

Forever and Always (o seu casal literário favorito) • Nessa categoria vou ter que imitar a Ana e ficar com Elizabeth Bennet e Sr. Darcy, de Orgulho e Preconceito. Já declarei publicamente meu amor por esse último aqui no blog, e eu obviamente admiro demais a Lizzy e simplesmente amo o desenvolvimento tanto de cada um dos personagens individualmente quanto da maneira como percebem um ao outro. E não há palavras para: "Não posso definir a hora, ou o lugar, ou o olhar, ou as palavras que estabeleceram a fundação. Faz muito tempo. Eu estava no meio antes de saber que havia começado".

Come Back, Be Here (escolha um livro que você não gosta de emprestar por medo de nunca mais voltar) • Eu já disse aqui antes que não tenho muitos problemas com isso. Não tenho nenhum livro raro nem nada, então talvez meus livros que possuem dedicatórias sejam aqueles que eu não gostaria de jeito nenhum de perder.

Pra variar, não sei pra quem indicar. Fiquem à vontade pra responder ao meme, se quiserem. E, por sinal: alguém mais está louco pra ouvir 1989?

Mistral, quididade e experiências numinosas

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Quando comecei minha primeira cadeira de tradução na faculdade, há um ano, uma das primeiras decisões que tomei foi a de instalar um dicionário no meu telefone. O Google Tradutor é um bom aliado, ainda que confiar demais nele nunca seja uma boa ideia, mas eu logo descobri que ele – ou qualquer dicionário bilíngue – nunca me bastariam. Antes de partir na (às vezes sangrenta) batalha em busca de um bom equivalente, nada melhor do que ler uma definição.

De uns tempos pra cá, talvez devido a uma atualização, o app escolhido na época, o Dictionary.com, passou a me enviar a "palavra do dia" todas as manhãs e, toda manhã, eu leio a definição, mesmo que inevitavelmente acabe esquecendo dela minutos depois. Semana passada, talvez na segunda, a palavra do dia era mistral, que eu nunca tinha ouvido ou lido antes.
mistralsubstantivo 1. um vento frio, seco, setentrional, comum no sul da França e em regiões vizinhas.
O mistral é um vento que sopra do sul da França para o Mediterrâneo. Não teria nada demais nessa palavra, exceto que, por coincidência ou destino, dependendo de como você interpreta a situação, mais tarde naquele mesmo dia eu lia Esta valsa é minha, romance semiautobiográfico da Zelda Fitzgerald (a esposa do Scott, essa mesma). No livro, em determinado momento, os personagens vão viver na Riviera Francesa. Duas vezes, naquele mesmo dia, li o narrador do romance falando no tal do mistral que soprava.

Achei a experiência curiosa e, se fossem números ao invés de uma palavra, teria jogado eles na loteria. Como não eram números, valeu muito pela curiosidade – por exemplo, a de pensar que ventos específicos têm um nome, coisa em que eu nunca tinha parado para pensar, apesar de sempre ter ouvido falar do minuano. Valeu também pela sensação maravilhosa de efetivamente adicionar mais uma palavra, ou expressão, ao vocabulário. E isso, pra quem escreve – ou pra quem traduz – é sempre relevante, mesmo que na hora não pareça.

Já que eu leio pra compreender melhor a vida, vou citar outro livro que esteve me fazendo companhia por esses dias: em The Raven Boys, um Young Adult sobrenatural do qual eu ainda quero muito falar nesse blog, Richard Gansey (Terceiro), um menino extremamente privilegiado que pode fazer o que quiser da vida, passa uma quantidade considerável de tempo lendo e pesquisando (para fins particulares, mas não vem ao caso agora). Numa conversa casual sobre esse negócio com o qual ele é obcecado, que envolve antigos reis galeses e linhas espirituais pelas quais as almas dos mortos se deslocam, Gansey pondera que tem alguma coisa nessas linhas que “fortifica ou protege os cadáveres. A alma. O… animus. A sua quididade”. Para o alívio da protagonista, nas palavras do próprio texto, um terceiro menino intercede, lembrando Gansey de que ninguém sabe o que é quididade ("Tudo aquilo que faz com que uma pessoa seja o que ela é", ele explica). Na mesma conversa, esse terceiro garoto precisa lembrar o amigo de que ninguém sabe quem é Ned Kelly (um criminoso australiano). É quando Gansey parece tão inocentemente surpreendido pelo fato de Ned Kelly não ser conhecimento compartilhado por todos que a protagonista percebe que o menino nunca teve a intenção de ser condescendente com ninguém.

É só uma passagem do livro (ainda que ela reapareça, com algumas variações, em outros momentos), mas não consegui esquecer dela porque nunca antes na vida me identifiquei tanto com uma criatura meio prodigiosa e extremamente privilegiada. Não que eu saia por aí falando sobre quididade (dicionarizada, mas eu nunca tinha ouvido falar) ou incluindo expressões em latim nas minhas conversas, mas já ouvi que a vida não era uma dissertação do vestibular.

Só que não se trata de usar palavra nenhuma com a finalidade de impressionar ninguém – nem mesmo nos meus trabalhos acadêmicos (só vou atrás de sinônimos se as repetições realmente estão passando dos limites) – mas porque, às vezes, depois que você aprende uma expressão e qual é o sentido dela, nenhuma outra que você conhecia antes parece funcionar tão bem. Uma das primeiras discussões que me lembro de ter tido no curso de Letras foi sobre sinônimos e, quanto mais penso nela, mais sentido parece fazer: não existem sinônimos perfeitos porque, se duas palavras expressassem exatamente o mesmo sentido, não haveria razão para que as duas existissem.

Daí me lembra a minha insistência irredutível, lá na Tradução do Inglês I, quando trabalhávamos um texto sobre a transferência das tribos de indígenas americanos para o Território Indígena no Oklahoma, em traduzir "the numinous sensation" por "a sensação numinosa". Mas ninguém nunca ouviu falar em numinoso. Nem em numinous, eu diria.
numinosoadjetivo 1. pertencente ou relativo ao nume; espiritual ou sobrenatural. 2. que ultrapassa a compreensão ou o entendimento; misterioso. 3. que desperta sentimentos elevados de dever, honra, lealdade, etc.
Por que não divino, por que não sublime? Porque é diferente. Porque divino sugere Deus (o das religiões cristãs) e é necessariamente religioso, porque sublime pode também sugerir alto grau de excelência. A sensação era numinosa, não divina, não sublime. Tive de procurar a palavra no dicionário e não era meu papel evitar que um leitor do texto precisasse fazer o mesmo.

Talvez seja coisa minha, que aprendi a amar as palavras e a admirar o ritmo de uma frase, o modo de descrever coisas mundanas quase como se fossem sublimes, mas eu duvido muito, considerando que 330 mil pessoas escolheram compartilhar ou salvar o significado de cafuné nos seus Tumblrs, por exemplo. E se eu puder dizer cafuné ao invés de "correr os dedos pelo cabelo de alguém que se ama", eu provavelmente vou ficar com a primeira opção. Ainda que precise explicar o que quis dizer. Ainda que faça alguém ir até o dicionário.

Palavras são um tipo de riqueza também. Talvez faça parte reconhecer que você é privilegiado. Você certamente pode utilizá-las pra assegurar sua posição mais alta na hierarquia, se quiser. Não é – e, espero, nunca vai ser – o meu desejo. Mas que coisa linda poder dizer, na minha hipotética narrativa que se passa no Sul do Brasil, que soprava o Minuano, e, naquela que se passa no Sul da França, que soprava o Mistral. Porque certamente esses ventos não são iguais. Se fossem, não precisariam de palavras que os diferenciassem. Cada um deles, tenho certeza, faz tão parte do contexto em que existem quanto outras características. Tipo a população. Ou as árvores. Ou o que quer que seja. E é pra isso que as palavras existem. É praticamente nosso dever utilizá-las vez que outra, pra não deixar que elas sejam esquecidas.

Às vezes, aprender uma palavra nova é quase uma experiência numinosa. Quer dizer, quais são as chances? Um aplicativo te envia ela pela manhã e, pela tarde, ela aparece duas vezes, de surpresa, no meio do livro que você estava lendo?

Tem que ter um pouquinho de sobrenatural nisso.

(adj.) que descreve uma experiência que te deixa temeroso, mas fascinado,
intimidado, mas atraído – o sentimento poderoso e pessoal de ser subjugado e inspirado
Fonte: x

One Lovely Blog Award

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Acho que já ficou bem claro que eu adoro um bom meme - principalmente quando não sei sobre o que postar, mas também porque eles são um modo simples de escrever um post mais descontraído onde a gente fala sobre coisas que não necessariamente saberia como estruturar num texto com começo-meio-fim. A Thay me indicou pra esse aqui e achei bem bacana, principalmente porque ele me deu a oportunidade de pensar um pouco mais sobre mim enquanto blogueira, e sobre essa estranha experiência de escrita que é esse blog - uma coisa que nunca tinha feito antes.

1. Por que decidiu criar um blog e quando começou?
Confesso que quando criei meu primeiro blog, lá pelos onze, doze anos, foi só porque um grupo de amigas minhas também tinham (depois disso, poucas vezes fui suscetível à peer pressure, juro). Eu não sabia direito como funcionava a coisa e logo abandonei aquele blog: aliás, imaginem os posts. Dito isso, voltei a blogar umas 500 vezes ao longo de todos esses anos. Porque toda vez que eu tento desistir, minha vontade de escrever me puxa de volta. Eu nunca vou ser livre.

2. Quais benefícios o blog te traz?
O benefício de falar o que eu penso, principalmente quando eu estou morrendo de vontade de comentar alguma coisa e sei que ninguém vai estar a fim de ouvir. É o caso, por exemplo, daquele post longuíssimo sobre o final (traumático) de How I Met Yout Mother - é muito bom ter onde reclamar longamente sobre as coisas. Ou refletir sobre elas. Ainda não tenho forças pra falar sobre certos assuntos mais sérios aqui - tipo sobre as eleições ou as respostas horrendas da internet a vídeos sobre assédio na rua -, mas outra coisa que o blog me trouxe foi uma rede muito grande de outras pessoas que escrevem, sim, sobre esses assuntos e que me ajudam a pensar melhor sobre eles. Fora isso, eu gosto muito de escrever, e esse é o espaço mais livre que eu tenho para exercitar minha escrita. Ainda que ela precise melhorar muito, sinto que, desde o começo, já avancei um tantinho.

3. Qual é o post mais acessado?
É meu top 10 de episódios de Gilmore Girls, e que bom que elas chegam aqui através dele - quer dizer, essa série é uma das minhas coisas favoritas na vida. Dito isso, não tenho certeza de que selecionar só dez episódios foi uma boa ideia: dez não é um número suficiente. Aliás: quando vamos fazer uma maratona coletiva das Gilmore?

4. Você usa as redes sociais?
Não pro blog. O máximo que eu faço é divulgar a maior parte dos meus posts pelo Twitter. Também uso o Tumblr (#fangirl), vez que outra o Instagram, e as redes sociais que servem pra marcar as infindáveis horas que passei lendo, no Goodreads, vendo filme, no Filmow. Não vou linkar o feice pois odeio muito aquela rede.

5. Como o blog tem evoluído?
Acho que o blog em si não tem evoluído muito. Tenho menos leitores aqui do que no meu extinto blog literário, mas não dou tanta importância pra isso, pois seja lá quantos comentários um post tenha, se eles forem tão... dedicados (?) como costumam ser, eu fico extremamente feliz. Queria poder dizer que ao longo da vida me tornei uma blogueira mais regular, que posta consistentemente, sempre atualizada, mas... não é assim, né?

6. Já viveu algum fato importante por causa do blog?
Fato importante não. Meus blogs sempre foram e sempre serão blogs pequenos, que não me dão nenhum retorno financeiro e nem me mandam a lugar nenhum (fisicamente, quero dizer). Mas, é claro, sou muito grata por ter conhecido várias pessoas bacanas por causa da blogosfera! Os comentários de vocês, ou a presença de vocês nas minhas timelines, são muito valiosos. Ah, e pra não esquecer: por um curto período de tempo, fui hóspede do Just Lia, quando a Lia tinha vários hóspedes. Eu sempre adorei esse blog, que acompanho (mesmo que menos) até hoje, e fiquei emocionadíssima quando ela me convidou.

7. De onde nasce a inspiração para escrever e continuar com o blog?
Da vida, do universo e tudo mais. Não, sério. De um livro ou de alguma outra obra de ficção, de prestar atenção em pessoas na rua que eu provavelmente nunca mais vou ver, do aplicativo de dicionário do meu telefone, da falta de atualizaçãodo próprio blog... Ou dos memes, quando falta assunto, haha.

8. O que você tem aprendido a nível pessoal e profissional esse ano?
A nível profissional, tenho aprendido a ser menos receosa nas minhas traduções, especialmente quando elas são do português para o inglês, mas mesmo no par inverso. Tive muitas matérias práticas esse ano e tem sido extremamente proveitoso. Acho que a nível pessoal é sempre muito, muito mais difícil de refletir a respeito, porque a gente sempre aprende um apanhado de coisas que dificilmente consegue colocar em palavras. Mas o mais importante mesmo é que estou aprendendo cada vez mais a não me importar com a opinião alheia e fazer as coisas porque eu quero, porque me sinto bem. E a lidar um pouquinho melhor com o milhão de coisas que eu preferia não fazer, mas preciso. E faço.

9. Qual é sua frase favorita?
Be kind, for everyone you meet is fighting a hard battle.
(Atribuem essa frase a todas as pessoas do mundo, mas não sei de quem é. De qualquer maneira, quero colar isso na minha parede. Be kind. Be kind. Be kind.)

10. Qual conselho você daria para quem está começando agora no mundo do blogs?
Fazer isso porque ama. Porque ama escrever, fotografar, desenhar... Porque ama livros, porque ama cinema, porque ama moda, porque ama arte, porque ama pensar sobre as relações humanas. Blogar porque você precisa compartilhar alguma coisa com alguém. Acho que o única jeito de um blog dar certo é porque você ama o espaço que tem. Deve ser bem mais difícil se a intenção por trás dele é ganhar alguma coisa.

11. O que os blogs que você vai indicar tem em comum?
Não vou indicar nenhum blog porque já vi esse meme em todos os cantos e faz um tempinho que ele vem circulando, então acho que muita gente já respondeu. Mas se eu fosse indicar, o que os blogs teriam em comum é o fato de serem super bem escritos por pessoas super bacanas que tem insights ótimos sobre a vida e seus derivados (ou: a ~arte), e elas estão por aqui. De qualquer modo: sintam-se à vontade para responder, e me avisem se fizerem isso pra que possa ler!

Maggie Stiefvater e a arte de escrever YA

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“Minha mãe gostava de dizer que certas coisas acontecem por uma razão, que às vezes os obstáculos estão lá para impedir que você faça algo estúpido. Ela me falou isso muitas vezes. Mas quando ela dizia isso ao Gabe, meu pai falava para ele que às vezes só significa que você precisa tentar com mais esforço.” (The Scorpio Races)
“Mum liked to say that some things happen for a reason, that sometimes obstacles were there to stop you from doing something stupid. She said this to me a lot. But when she said it to Gabe, Dad told him that sometimes it just means you need to try harder.”
Já é uma história velha: eu gosto de literatura young adult e defendo incessantemente. Comecei a última resenha que fiz aqui, da trilogia da Kiera Cass, falando sobre isso. Acontece que YA já foi o gênero que mais li, mas hoje não é mais. Nem todos os seus subgêneros me agradam ou conseguem chamar a minha atenção, e, diferente do que eu fazia uns anos atrás, sempre penso algumas vezes antes de comprar um novo.

Eu, por exemplo, relutei por dois anos em ler The Raven Boys (publicado como Os Garotos Corvos no Brasil), ainda que ele tenha sido escrito pela autora de um dos meus livros favortíssimos da vida, que eu já indiquei aqui em outrasoportunidades (estamos falando, é óbvio, de The Scorpio Races ou A Corrida de Escorpião). Por quê? Porque é sobrenatural, que às vezes parece ser um gênero já completamente esgotado depois da avalanche de publicações parecidas que aconteceram pós-Crepúsculo. Porque eu não gosto muito do título. Porque uma das capas do livro tem uma ilustração de quatro garotos, metade deles meio engomadinhos, e eu fiquei me perguntando se eu estava prestes a ler um pentágono amoroso, coisa que eu não estava muito a fim de fazer.

Mas essa desconfiança obviamente não foi justificada. Não apenas gostei muito como emendei uma leitura na outra, citei o livro por aqui, e só demorei para ler a terceira parte da série (que terminei hoje no ônibus) porque o fim de semestre deu as caras. Tentando ser sucinta, eu diria que The Raven Cycle é uma saga excelente (mesmo que o terceiro livro seja um pouco mais fraco) que mistura mitologia complexa e diferente com coming of age com família com conflitos familiares com romance com traumas com desigualdade de condições com personagens lindamente desenvolvidos, tudo isso emoldurado por uma narrativa incrível.
“Quer dizer que você não é um crédulo?”
“Eu acredito na mesma coisa que eles” digo, com um movimento do queixo em direção à cidade e a St. Columba’s. “Só não acredito que você o encontrará dentro de um prédio.” (The Scorpio Races)
“So, you’re not a believer?”
“I believe in the same thing they believe in” I say, with a jerk of my chin toward the town and St. Columba’s. “I just don’t believe you can find it in a building.”
"Narrativa incrível"é o estilo de escrever da Maggie Stiefvater. Meu favorito entre os livros dela segue sendo o dos cavalos mitológicos com potencial assassino, talvez simplesmente porque é um volume único com começo-meio-fim, tudo num único livro. Mas a série mais recente é tão incrivelmente melhor do que Os Lobos de Mercy Falls (que segue sendo a mais popular, especialmente no Brasil, creio eu) - e tão diferente! - que é até difícil de acreditar que é a mesma autora. E eu digo isso como alguém que, na época, deu 5 estrelas douradas para Calafrio (hoje tiraria uma ou duas delas). The Raven Boys só lembra o outro livro naquilo que ele tinha de melhor.

Uma das coisas que eu mais gosto nas histórias da Maggie, é que elas quase sempre têm uma old soul entre os adolescentes, e do modo como isso fica evidente tanto pelas coisas que eles fazem quanto pelas coisas (e por como) eles dizem. É uma delícia de ler, possivelmente porque eu sempre brinquei que secretamente tenho oitenta anos. Mas isso é só uma parte (porque Calafrio é o único livro que é limitado à dinâmica do par de personagens principal). Numa mesma história você também tem um personagem fantástico que te presenteia com essa fala maravilhosa, mandando o irmãozinho mais novo não falar palavrão: “Don't fucking swear.”*

Que personagens maravilhosos Maggie escreve. Imperfeitos e cheios de conflitos internos e tão... verdadeiros. Ela estabelece tão bem a relação entre cada um deles e o modo como os comportamentos e atitudes mudam um pouquinho dentro de cada uma delas. E as relações familiares! Pais ausentes ou filhos órfãos não existem dentro das histórias porque é jeito mais fácil de focar nos dramas adolescentes. Aliás, se tem uma coisa que The Raven Cycle faz muito bem é apresentar e opor diversas dinâmicas familiares e qual é o resultado de cada uma delas.
“Acho que você está certo, Sr. Kendrick” diz George Holly, os olhos fechados. Seu rosto está virado para o vento, ligeiramente inclinado para frente para não ser empurrado. Suas calças não estão mais imaculadas; há vestígios de barro e esterco na parte da frente. Seu chapéu vermelho ridículo foi soprado para trás dele, mas ele não parece ter percebido. O vento têm seus dedos nos seus cabelos claros e o oceano canta para ele. Esta ilha levará você, se você deixar.
Eu pergunto, “Estou certo sobre o quê?”
“Posso sentir Deus aqui fora.” (The Scorpio Races).
“I think you’re right, Mr. Kendrick” George Holly says, eyes closed. His face is to the wind, leaning forward slightly so that it doesn’t tip him. His slacks are no longer pristine; he’s tracked bits of mud and manure up the front of them. His ridiculous red hat has blown off behind him, but he doesn’t seem to notice. The wind has its fingers in his fair hair and the ocean sings to him. This island will take you, if you let it.
I ask, “What am I right about?”
“I can feel God out here.”
Apesar disso tudo, possivelmente eu não estaria escrevendo esse post hoje se não fosse pelo modo como Maggie conta essas histórias ótimas e improváveis. Sim, tem todos os elementos incríveis que conseguem fazer histórias sobre lobisomens/rockstars/estrelas de reality show serem pungentes e histórias com cavalos assassinos a buscas por reis adormecidos por seiscentos anos serem completamente humanas.

Mas tem também a narrativa. As descrições longas e cheias de imagens vívidas que fazem com que a ilha de Thisby, ou Mercy Falls, em Minnesota, pareçam lugares reais. O modo como as emoções dos personagens são bem representadas, seja nas narrativas em primeira pessoa, seja nas em terceira - que, aliás, têm sido muito acertadas, e melhores do que as trocas de narrador dos livros anteriores. Mas, sério, as descrições. Quanto mais eu leio, mais eu tenho certeza de que saber equilibrar estilo e enredo é um dos elementos que mais me conquistam em literatura.
“Ela usava um vestido que Ronan achou parecido com um abajur. Independente de qual era o tipo de lâmpada a que ele pertencia, Gansey claramente gostaria de ter uma.” (The Dream Thieves)
“She wore a dress Ronan thought looked like a lampshade. Whatever sort of lamp it belonged on, Gansey clearly wished he had one.
Tem uma infinidade de maneiras com que você pode deixar transparecer que o personagem cujo ponto de vista está sendo narrado percebe o interesse do amigo dele numa garota, ou a percepção dele a respeito daquela garota em particular. Era possível, por exemplo, usar praticamente as mesmas palavras que eu acabei de usar. Mas aí essa passagem, que é ótima e na frase seguinte (que eu não citei aqui porque poderia ser um spoiler moderado) fica ainda melhor, seria completamente esquecível e mundana.

Do mesmo jeito, tem uma infinidade de maneiras de estabelecer um momento que não só é um feriado relevante por si só no mundo daqueles personagens, mas que também vai ser de grande importância para o avançar da trama:
“Durante vinte e uma horas, Adam Parrish e o Homem Cinza dormiram. Enquanto eles dormiam sem sonhar, Henrietta se preparava para o Quatro de Julho. Bandeiras escalavam mastros em concessionárias de automóveis. Avisos sobre o desfile aconselhavam motoristas com pretensões de estacionar a repensarem suas escolhas. Nos subúrbios, fogos de artifício eram comprados e sonhados. Portas eram trancadas e, mais tarde, arrombadas. Em Fox Way, 300, Adam silenciosamente completou dezoito anos. Calla foi chamada em seu escritório para se assegurar de que nada importante havia sido levado em um arrombamento. Na Monmouth Manufacturing, um Mitsubishi branco com um molho de chaves na ignição e uma ilustração de faca na lateral apareceu no estacionamento durante a noite. Carregava um bilhete que dizia, Este aqui é para você. Bem do jeito que você gosta: rápido e anônimo.” (The Dream Thieves)
“For twenty-one hours, Adam Parrish and the Gray Man slept. While they slept without dreaming, Henrietta prepared for the Fourth of July. Flags climbed poles over car dealerships. Parade signs warned would-be parallel parkers to rethink their choices. In the suburbs, fireworks were bought and dreamt. Doors were locked and, later, busted open. At 300 Fox Way, Adam quietly turned eighteen. Calla was called into her office to make certain nothing important had been stolen during a break-in. At Monmouth Manufacturing, a white Mitsubishi with a set of keys in the ignition and a knife graphic on the side appeared in the parking lot overnight. It bore a note that read, This one’s for you. Just the way you like it: fast and anonymous”
Ainda estou tentando criar o hábito de marcar as minhas passagens favoritas em livros para poder encontrá-las depois. Por outro lado, teria sido mais difícil escolher as citações para intercalar com o post. Espero que essas, que são algumas das que eu mais gosto, falem por si mesmas. Se vocês não conhecem as obras da Maggie (ou se leram Calafrio e não gostaram porque tem muito mimimi), deem uma (nova) chance. É uma autora que só adiciona qualidade às prateleiras da seção de young adult das livrarias, e isso me deixa muito feliz.

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PS: Porque eu leio muito mais em inglês do que em português (por uma combinação de motivos que incluem não gostar de esperar pela tradução e preferir, sempre que posso, ler o original), todas as citações do post foram traduzidas por mim. Como vocês sabem, essa é a minha área de estudo, e críticas são sempre bem-vindas, de verdade.

* Não traduzi essa porque é fácil entender o espírito. A citação vem de The Dream Thieves (Os Ladrões de Sonhos no Brasil).

Favoritos em 2014

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Então o ano já está quase acabando. Ele passou, é claro, assustadoramente rápido. Espero que leve embora todas as coisas ruins que trouxe, e que 2015 seja melhor. Que eu seja melhor, também, que é a parte mais importante.

Retrospectivas realmente  não viriam a calhar esse ano por motivos de que é melhor não pensar demais a respeito dele, mas aproveito a oportunidade para deixar aqui minha lista de coisas favoritas de 2014, porque acho que esse é um jeito bacana de indicar ótimos títulos dos quais eu provavelmente não falei aqui antes (e acabaria não falando depois).


Dos livros:
Li mais esse ano do que no ano passado, mas menos do que em muitos anos anteriores. Voltar a ler com mais afinco é algo que eu quero muito fazer no ano que vem. Nesse ano, li bastante coisa boa, por isso fiquei surpresa ao chegar no fim do ano e perceber que só tinha dado cinco estrelas pra um livro - isso me fez querer reavaliar tudo (coisa que eu não vou fazer).

Na categoria clássicos, Jane Eyre, da Charlotte Brontë. Achei que ia detestar, mas amei. Muito mais do que um romance dramático com literatura gótica, o melhor livro escrito por uma Brontë é um coming of age fantástico e Jane é um belo protótipo feminista do começo do século XIX (só não dá pra desconsiderar o contexto, né, gente).

Uma curiosidade: Jane, mesmo apaixonada, diz umas 937 vezes que Sr. Rochester não é bonito. Bom trabalho, hein, galera do casting.

Na categoria de ficção contemporânea, mas que também é histórica, Sweet Tooth (ou Serena), do Ian McEwan. Um ótimo romance de espionagem, mas nada James Bond. Tem uma discussão bem bacana sobre livros e ficção e um final que possivelmente te surpreenda, se você já não estiver esperando que McEwan faça isso.

Li só dois chick-lits, um horrível e o outro é Someday, Someday Maybe (ou Quem Sabe um Dia), da Lauren Graham. Menos hilário do que sensível, é uma daquelas histórias que partem um pouquinho nosso coração, mas também o aquecem. Fiquei muito comovida com uma passagem mais para o final do livro que faz referência à história da Franny de Franny and Zooey, do Salinger - e acabei lendo esses dois contos também. Muito bons, e me fizeram acreditar que preciso dar uma nova chance a O Apanhador no Campo de Centeio (mas o original) (alguém precisa publicar uma tradução nova desse livro).

Na categoria YA, ficam dois. The Raven Boys, da Maggie Stiefvater, do qual falei aqui, e que é meu tipo favorito de young adult, com todas as coisas que eu mais gosto neles (enfoque em relações familiares e relações platônicas, romance lento e sensível, crescimento e desenvolvimento - é minha coisa favorita em personagens adolescentes). O outro é Jellicoe Road, da Melina Marchetta, que é construído brilhantemente, tem uma história original e sensível e lindamente humana e triste.

Dos filmes:
Para variar, comecei o ano assistindo a muitos filmes e terminei assistindo a pouquíssimos. Mas teve bastante coisa boa.

Assisti a duas ótimas produções da HBO, que faz filmes-para-tv que poderiam muito bem passar no cinema. Hemingway & Gellhorn conta a relação entre, bem, Ernest Hemingway e Martha Gellhorn. Começa melhor do que termina, e achei particularmente sensacional o primeiro terço do filme, em que eles estão cobrindo a Guerra Civil na Espanha, mas o filme de modo geral é bem bacana e me deixou morrendo e vontade de ler um pouco do jornalismo da Gellhorn. O outro foi Temple Grandin, cinebiografia da pesquisadora de mesmo nome, que é autista e também extremamente inteligente - e uma profissional muito bem sucedida. O filme em si é bacana, assim como a história da Temple, mas o mais sensacional é a atuação absurda da Claire Danes.

Na categoria heartwarming e quero rever sempre ficam Questão de Tempo (falei um pouquinho aqui) e Mesmo se nada der certo. Ambos um amor, despretensiosos, com ótimas trilhas sonoras e locações bonitas. Para rever naqueles dias não muito bons e terminar com um sorriso no rosto. Também dá pra incluir nessa categoria Cinderela em Paris, estrelado pela Audrey Hepburn e pelo Fred Astaire. Gente. É um musical. Eles viajam pra Paris. Eles cantam na livraria. Não tem nem o que dizer, só sentir.


Se vamos falar de coisas que definitivamente não aquecem o coração... 12 Anos de Escravidão  - esse ano foi tão errado que devo ter visto no máximo metade dos filmes indicados ao Oscar, mas 12 Anos mereceu levar, e, se é um tema já bastante explorado, é porque precisa ser. Também vi o dinamarquês A Caça, que trata de um tema bem difícil; mas achei que o filme lidou bem com ele. A caça que acontece no filme é bem assustadora, mas ao mesmo tempo é compreensível. Por fim, também tem o russo O Sol Enganador. Que filme maravilhoso! Os russos, descobri, são um povo muito vívido e todas as emoções são exploradas nos extremos. É histórico, tem velhos romances voltando à tona, família enorme, uma criança inteligente e sensível e tem, pra variar, tragédia.

Meu favorito lançado esse ano foi provavelmente Garota Exemplar. Que suspense, que tensão, que atuações, que cenas que me fizeram precisar baixar a cabeça um pouquinho pra voltar a respirar direitinho (não estou brincando. Fraca, eu sei). E que ótimas discussões ele suscitou internet afora.

Sobre um filme relativamente velho (aliás, me contem quais são os clássicos favoritos de vocês, porque eu provavelmente não vi, mas quero!): assisti esses dias Rede de Intrigas e achei tão sensacional. É incrível que ele tenha quase quarenta anos e, ainda assim, continue soando muito atual quando você assiste, tanto em sua crítica quanto o que ele critica na televisão e no jornalismo.

E sobre animações: Universidade Monstros! Morri de amores. A representação do cotidiano universitário ficou fantástica, o filme é divertido e, quando parece que vai cair no clichezão básico desse tipo de narrativa, ele vai lá e faz diferente. O final me agradou demais. Gosto muito de como eles exploraram a ideia de assustar adultos (porque, lembram, os monstros não conseguem assustar quem já cresceu?) e também a ideia de começar por baixo para alcançar o seu objetivo.


Da tv:
Comecei poucas séries esse ano, mas ganhei uma eterna favorita mesmo assim. Nada que vi esse ano se compara a Friday Night Lights, que inclusive ganhou post no blog. Difícil acreditar que uma série sobre um time de futebol americano me faria ficar tão desanimada a respeito de todas outras coisas que existem na televisão. Não tem nada parecido, e é uma pena, porque eu continuo atrás de uma série para preencher o vazio que o fim de FNL deixou na minha grade. Dizer que é linda e que chorei é pouco.

Te amo, Coach Taylor.

Da música:
Eu gosto muito de música, mas raramente estou esperando pelo lançamento de algum álbum, e tem pouquíssimos artistas ou bandas dos quais eu conheço a discografia inteira. Mas esperei ansiosamente por 1989, e ainda que não tenha amado na primeira vez que ouvi, só escutei ele por um mês inteiro, praticamente. Agora já passou um pouco, mas eu ouço Style New Romantics toda hora (acho que de Wildest Dreams e Blank Space já enjoei um pouquinho) (e as mais agridoces, tipo This Love e Clean, não dá pra ouvir demais, apesar de maravilhosas, e de serem as mais parecidas com a TayTay das antigas, que eu adoro).

E também amei amei amei as músicas originais de Mesmo Se Nada Der Certo. Especialmente Tell Me If You Wanna Go Home. Escuto toda hora também, e estou até agora morrendo de vontade de encontrar com o Mark Ruffalo por aí pra gente gravar um CD nas ruas movimentadas de Porto Alegre Nova York.

2015 e a busca pela Pollyanna interior

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Eu nunca li Pollyanna, embora minha mãe vez que outra fale do livro, porque é uma das leituras de escola das quais ela não esqueceu. Pollyanna, pra mim, é só o famoso espírito-de: aquela pessoa irritantemente positiva e otimista, em toda e qualquer situação; nada abala sua confiança na crença de que sempre sempre sempre existe um lado bom, e de que o que está por vir há de ser melhor. "Espírito de Pollyanna", "ser uma Pollyanna", geralmente são expressões proclamadas com pelo menos um tantinho de escárnio. Porque essa crença cega de que em tudo existe um lado bom às vezes vira sinônimo de extrema ingenuidade, ou porque às vezes você só quer alguém que concorde que deu tudo errado, que a situação é uma bosta, e fim.

Eu nunca foi uma Pollyanna. E também não acho que você precise procurar o lado bom de cada situação ruim pela qual passa na sua vida, nem vejo muito sentido nisso. Por que algumas coisas não podem ser ruins, ou tristes, ou difíceis e complicadas? Eu sempre achei que mais importante do que examinar minuciosamente esses momentos em uma busca desesperada por um silver liningé reconhecer que você vai ter dias ruins, ou meses, ou talvez até mesmo anos, mas que eles terminam. A famosa parábola do rei que buscava por uma verdade absoluta, que seria verdadeira em todos os momentos da sua vida, faz muito sentido: "this, too, shall pass" - tudo passa, e isso é verdade quando você está enfrentando um momento difícil, mas também é verdade quando você se sente inteiramente feliz.

Mesmo assim, eu vejo algo de bonito no espírito de Pollyanna, algo de inspirador. Tem um post popular no Tumblr que diz que ser pessimista é ótimo, porque no fim das contas ou você tem razão, ou você é surpreendido positivamente. Isso não deixa de estar certo. Talvez isso não seja verdade para todo mundo, mas para mim, pessoa do copo-meio-vazio, ser pessimista é mais fácil. É mais fácil porque, se você não cria expectativas, você não tem como se frustar quando elas não são alcançadas. Porque se você esperar sempre pelo pior, estar errado significa ganhar bem mais do que você imaginou que ganharia.

É mais fácil chegar ao final do ano, olhar para trás (de relance para as muitas coisas das quais você já nem lembra mais, com mais atenção para as que estão marcadas e destacadas na memória) e pensar em tudo que não saiu conforme planejado, ou que te desestruturou e te machucou. Por que é tão fácil esquecer de todo o resto? Por que é tão fácil esquecer das conquistas, especialmente as pequenas, que você realizou, ou que uma pessoa importante para você realizou, e que você esteve lá para presenciar? Por que é tão fácil esquecer de quando você riu até a barriga doer, ou que você pôde sentir o sol de inverno no seu rosto frio, como um alento num dia gelado?

Por que é tão fácil para mim esquecer de que, nossa, eu tenho tanto, tanto pelo que agradecer?

Um dos meus filmes favoritos diz que a tristeza é mais fácil, um dos personagens mais populares do ano passado diz que na verdade se considera um realista, embora seja um pessimista em termos filosóficos, e, ironicamente, existe uma variedade de artigos de revista e pesquisas científicas que buscam um lado positivo de ser um pessimista.

Não sei se existe um lado positivo em ser um pessimista (alô, Pollyanna, desvende o mistério), não acho que pessimismo é igual a realismo, e acho que, embora cada um tenha o direito de acreditar no que bem entender, os pessimistas radicais de plantão deviam olhar para si mesmos e se perguntar se não estão sendo tão absurdos quanto as Pollyannas do mundo. Mas a minha tendência natural é pender mais para a linha de raciocínio dos primeiros do que para a dos segundos. Provavelmente porque é muito mais fácil, ainda que mais um caminho para ser mais infeliz. Por isso mesmo, quero aprender um pouco com os otimistas - aqueles mesmos, que nem sempre são levados a sério.

Alguém, que eu não sei quem foi (e vou precisar me desculpar por não dar os devidos créditos a quem merece) sugeriu um projeto para 2015: todos os dias, sem exceção, você toma nota de alguma coisa boa que aconteceu dentro daquelas 24 horas. E, no dia 31 de dezembro, você terá 365 coisas boas para relembrar. Ainda que nesses 365 dias aconteçam coisas para as quais você não vai querer procurar um lado bom, possivelmente porque, para algumas delas, ele realmente não exista. Mas elas passarão, também.

Buscar a minha Pollyanna interior é mais difícil, mas é também dar uma chance para que as coisas boas que eventualmente passarão tenham chance contra as coisas ruins que provavelmente vão parecer muito mais intensas e duradouras. É brega? Possivelmente. Mas ser brega não parece um preço tão alto a pagar.

Procurar as coisas boas pode, sempre.

Feliz 2015.

Sobre os livros pra 2015

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Já contei pra vocês que em 2015 eu quero ser uma pessoa mais positiva e otimista. O meu projeto de vida de verdade é sempre o de ser uma pessoa melhor — mas esse, eu acho, a gente nunca consegue realmente concluir, porque duvido que alguém chegue num ponto em que pense "eu sou a melhor pessoa que eu poderia ser" (contestem essa afirmação se eu estiver errada, e me expliquem como faz, inclusive). Mas é evidente que ambas as coisas são bem difíceis, e, como diz lá naquele discurso de formatura famoso que eu revejo vez que outra, é o trabalho de uma vida sair da sua configuração padrão, que no meu caso não é só ser egocêntrica e acreditar que tudo no mundo está lá pra me afetar, mas também enxergar quase tudo pelas lentes do pessimismo.

Se é muito difícil controlar e manter esse tipo de objetivo em vista, tem aquelas resoluções que são mais simples (mesmo que não sejam necessariamente fáceis), mas relevantes de qualquer jeito: dormir mais cedo. Caminhar mais. Ingerir menos açúcar. Essas coisas. Por isso, resolvi que em 2015 eu também iria aceitar um desafio literário. Ler sempre foi my thing. Enquanto cada um tinha o seu talento e o seu hobby, eu era a menina que lia. Desde que eu comecei a estudar Letras, esse não é mais o meu papel. Todo mundo do meu convívio diário é a pessoa-que-lê (assim, não faz sentido, pra mim, que alguém que não goste de ler esteja no curso, mas ei, cada um com a sua vida). E, ironicamente, a Letras tira muito do seu tempo pra fazer isso por hobby, além de também acabar transformando seu hobby numa obrigação, e em algo pelo qual você vai ser avaliado.

Acabei de escrever todas essas palavras porque, sim, eu tenho dificuldade em ser concisa, mas também porque, sim, nos últimos anos eu li bem menos do que de costume. Não me imponho metas de leitura nem acho que quanto eu leio ou não leio é relevante. Mas não vou mentir: me incomoda, ao mesmo tempo em que eu fico fascinada, entrar numa livraria ou numa biblioteca e perceber quanta coisa incrível eu não só não li mas também desconheço — porque eu estou lendo o cânone literário (e é tudo ocidental, claro) ou os títulos novos de gente com nome grande e conhecido que ficam expostos nas vitrines e banners dos sites.


Daí peguei o primeiro desafio literário que vi pela frente— que mais tarde descobri que é de uma revista de celebridade, mas, ok. Ele não é focado em diversidade, mas propõe uns bons 50 itens variados, alguns que eu provavelmente não cogitaria de outro modo: um livro com personagens não-humanos, um vencedor do Pulitzer, um livro de memórias, um livro publicado no ano em que você nasceu, um livro com resenhas negativas, uma graphic novel, um livro que se passa na sua cidade, além de várias outras categorias mais fáceis. Como uma categoria não exclui a outra, não quer dizer que você vai acabar lendo mais de cinqüenta livros. (A Maggie Stiefvater apontou, bem incomodada, que uma das categorias é um livro escrito por uma autora do sexo feminino, e de fato essa é uma categoria horrenda  — como se fosse um nicho específico ou alguma coisa assim, e acho importante citar o fato).

Mas eu continuei incomodada depois dessa decisão porque nada nesse desafio me impele a ler alguma coisa mais diversa. E foi aí que eu me deparei com um post da Mell, do Literature-se, falando sobre o Projeto Lendo o Mundo. Baseada num projeto da Ann Morgan, que leu 196 livros de 196 países diferentes. A Camila, do blog Viaggiando está se propondo a fazer algo parecido, mas sem a imposição do tempo (afinal, duzentos livros em um ano é um pouco além das possibilidades reais, não?), e a Mell também. E eu... também. Digo, mais ou menos.

Vou ler 198 livros? Eu já sei antes de começar que é pouco provável. Mas é acompanhando a Mell e a Camila que eu pretendo buscar por títulos diferentes, que eu muito provavelmente desconheço. A Ann Morgan, que criou o A Year of Reading the World, tem uma lista super extensa com as obras que ela leu e várias outras sugestões, e já um excelente lugar para começar. Ainda não sei exatamente o que propor para mim mesma? Ler autores de pelo menos dez nacionalidades num ano, talvez? Quinze? Bem, bem pouco ambicioso, eu sei, mas não dá pra pedir que eu seja otimista demais (e, vocês sabem, eu vou ter que cursar algumas cadeiras de literatura, o que vai tomar bastante tempo).

É uma linda ilusão de férias achar que vai dar tempo, e sobrar ânimo, disposição e um cérebro descansado, pra ler tudo isso quando a vida voltar ao normal. Mas eu estou me desafiando a ir atrás de coisas novas, num movimento proposital e que provavelmente vai exigir um pouquinho de esforço — ou, pelo menos, mais esforço do que olha, o livro novo da Sophie Kinsella. Pera, deixa eu ler outro do Fitzgerald. Nah, vou ler uma coisa diferente: ah, sim, outro romance, mas de um autor que eu nunca li, mas que vai estar lá no programa de qualquer disciplina de literatura que englobe o período em que ele viveu (ele, porque as chances de ser um homem são grandes). Que inovador.

É claro que eu não sei onde isso vai dar e é bem possível que eu desista antes mesmo de a coisa engrenar. Mas a gente tenta, correto?

E é claro que você já pode olhar para o que eu vou pedir a seguir e pensar "tsc, tsc, mas já está tentando facilitar o desafio" (e vai estar correto), mas se vocês tiverem leituras para recomendar, por favor, façam. De verdade. Pelos comentários. Pelo recurso de recomendar-para-um-amigo do Goodreads. Através de um tweet. De um email. De uma mensagem numa garrafa. Agora ou ao longo do ano.

E, se quiserem vir comigo, melhor ainda. Estamos aí pra isso.

O que eu andei vendo em janeiro

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Sempre começo o ano assistindo a muitos filmes. Um pouco porque com as férias vem mais tempo livre, um pouco porque eu sempre me empolgo nos primeiros meses. Janeiro iniciou com uma notícia difícil (mas eu sei que vai ficar tudo bem, e estou tentando cumprir aquela promessa de ser positiva; de qualquer maneira, fica o pedido para quem tiver energias positivas para compartilhar). Lidei com isso parando na frente da televisão para ver alguns filminhos sobre os problemas dos outros e distrair a cabeça. Eis o que eu andei vendo:

O Despertar de uma Paixão (John Curran, 2006): O primeiro filme do ano já foi, casualmente, um cinco estrelas. É uma mistura de drama com romance de época (mas muito menos sobre romance do que sobre amor), que justapõe o horror da epidemia de cólera na China com as paisagens incrivelmente bonitas que aquele lugar tomado pela doença oferecia (a fotografia desse filme é linda demais!). Segue um rumo bem diferente do que eu esperava e, apesar de o filme ter ganhado um título bem brega em português, é bem isso que a gente assiste. O despertar de uma paixão entre duas pessoas que foram ruins uma para a outra, mas que também foram muito importantes e necessárias uma para a outra, no contexto. É lindo.

Perfume: A História de um Assassino (Tom Tykwer, 2006): Perfume é uma das histórias mais bizarras a que eu já assisti, funcionando numa espécie de realismo mágico, e o uso do narrador em off faz soar como um tipo de... fábula? Um filme ainda não tem a capacidade de transmitir para você os cheiros que o protagonista dele sente com tanta intensidade, mas esse é tão sensorial, por meio das imagens, que chega quase. É como se você de fato entrasse na cabeça do assassino do título. O Ben Whishaw interpretou alguns dos personagensde que eu mais gosto, mas fiquei bem admirada com o trabalho dele na pele desse assassino bizarro cheio de sangue frio, mas que faz o que faz em nome de algo que parece maior do que ele. Peca por ser um pouquinho longo demais.

Zodíaco (David Fincher, 2007): Acho que esse é um dos filmes do Fincher que são menos queridos pelo público, mas achei bem interessante e bem feito. As cenas dos assassinatos são incrivelmente agonizantes, e também fiquei #tensa em vários momentos envolvendo o personagem do Jake Gyllenhaal (que fica tão obcecado que resolve dar uma de investigador) - tipo uma num porão, na qual eu só conseguia pensar "MEU FILHO, SAI DAÍ". Porém, todavia, contudo, se a história do Zodíaco é de fato bem interessante, e dá pra entender a obsessão do protagonista, o filme é meio longo e lá pela metade, quando a ação da polícia é que está em foco, dá uma certa vontade de dormir - ainda que depois volte com tudo. É um bom filme de crime e investigação, e, porque sou eu, fiquei morrendo de medo enquanto andava pela casa escura depois de assistir.

Exôdo: Deuses e Reis (Ridley Scott, 2014): Sabia que era roubada, mas fui mesmo assim. Pra ser justa com o Ridley Scott (porque ele é produtor da minha coisa favorita nos últimos tempos, beijo Ridley Scott), esse definitivamente não é meu tipo de filme. É barulhento, cheio de cenas de lutinha e efeitos especiais, e eu saí do cinema morrendo de dor de cabeça. A história é boa, mas não dá pra dizer que isso é bem um mérito do filme, né? Só achei excelente a sequência de cenas envolvendo as pragas. Me deu agonia, queria fechar os olhos e choramingar? Óbvio. Ponto pro filme. Tem efeitos bem bonitos, o trabalho de reconstrução do Antigo Egito é lindo, mas acho que esse tipo de filme só vale mesmo se for assistido no cinema.

Mãos Talentosas (Thomas Carter, 2009): A história do Ben Carson, o protagonista desse filme, é fantástica. Quer dizer, é um menininho negro estudando numa escola para crianças brancas nos anos sessenta, que diz constante para a mãe que é burro demais para ir bem nos estudos e que eventualmente vira um cirurgião tão bom que é chamado (isso é a primeira cena do filme, só pra avisar) para separar gêmeos siameses ligados pela cabeça, coisa que ninguém nunca tinha conseguido fazer. É uma pena, então, que essa história de vida não tenha sido tão bem aproveitada assim, porque acabou ficando um pouco raso e rápido demais. É um filme para TV bem a cara de filme para TV, o que não quer dizer que eu não chorei horrores no final, porque sou eu (e porque é uma história bonita).

Inside Llewyn Davis (Ethan e Joel Coen, 2013): Llewyn Davis é um cantor de folk que começa o filme enfiado numa bosta tremenda, e passa o resto dele meio-que-tentando-sair-mas-não-tanto-assim. Sai de lugar nenhum e chega a lugar nenhum, mas, nesse caso, é intencional e é uma coisa dramaticamente interessante. Interessante, mas não marcante. Interessante, mas não particularmente bom. Interessante, mas já esqueci da maior parte. Destaque para a música, que é parte fundamental do filme, e eu particularmente gostei muito porque folk é uma delícia de ouvir. Justin Timberlake, Carey Mulligan e um terceiro cantando Five Hundred Miles era uma coisa de que eu precisava muito.

O Suspeito (Gavin Hood, 2007): Por algum motivo, esse filme estava na minha lista do Netflix, que me informou que ele ia sair do catálogo, que é um dos motivos que me fazem assistir aos títulos que estão estacionados por lá há tempos. No fim das contas, ele segue no catálogo, o que quer dizer que eu perdi minhas duas horas por nada. Um ótimo elenco desperdiçado num filme tão fraco. Talvez ele fizesse mais sentido lá em 2007, mas a verdade é que a temática do pós-11 de setembro já foi tão, tão explorada que é difícil fazer algo interessante com ela, ainda que a premissa desse aqui seja boa (e a mensagem, eu acho, também) (acho).

Terapia de Risco (Steven Soderbergh, 2013): No começo, pensei que esse seria um filme reflexivo sobre uma mulher com depressão. Depois, pensei que ele discutiria o aspecto dos medicamentos sobre o qual a gente não pensa muito (as reações adversas) e que, talvez, fosse enveredar para uma crítica à indústria farmacêutica. Mas não era nenhuma dessas coisas. É um thriller muito bom, com boas viradas e uma trama bem inesperada e nada previsível. Fiquei bem surpresa com ele, e indico bastante para quem gosta de filmes nesse estilo. Destaque para a atuação da Rooney Mara, que é ótima.

O Homem que Fazia Chover (Francis Ford Coppola, 1997): Depois que eu assisti a um filme que foi um grande marco na minha vida e decidi que queria ser Elle Woods, eu passei a ser uma grande fã dessas histórias de tribunal. Essa aqui é uma história bem bacana sobre um advogado que acabou de passar no exame da Ordem, que sai percorrendo corredores de hospital junto com o Danny DeVito em busca de clientes e que, no seu primeiro caso, enfrenta uma seguradora de saúde representada por um advogado bem poderoso, tudo isso enquanto se envolve com uma mulher que sofre contínua violência doméstica. Não é nenhum grande filme, mas bom para quem gosta desse tipo de história.

The Edge of Love (John Maybury, 2008): Baseado quadrado amoroso envolvendo o Dylan Thomas (quem viu Insterstellar com certeza vai lembrar do poema maravilhoso dele, "Do not go gentle into that good night", que na verdade nem aparece por aqui - porque não tem nada a ver mesmo), a esposa, a namorada de adolescência e o cara do exército apaixonado por essa última, isso durante a Segunda Guerra. É uma história relativamente boa, mas não tão bem executada. No começo, os ângulos de câmera diferentões e os poemas recitados em off combinados com imagens genéricas de guerra ou closes ~artísticos~ em pares de olhos e etc até que eram bacanas, depois começaram a me incomodar. Não foi ruim, mas também não chegou a ser bom. Mais bacana mesmo foi o retrato das duas mulheres nada convencionais envolvidas com o poeta (que é bem Típico Poeta). Agora, num comentário mais relevante, vocês já pararam pra pensar que aquelas expressões bregas de narradora de YA sobre ~nadar nas piscinas dos olhos~ do interesse romântico foram inventadas pro Cillian Murphy, provavelmente?


Vou deixar isso aqui só pra vocês concordarem comigo.

Bride & Prejudice (Gurinder Chadha, 2004): Eu nunca tinha visto um filme de Bollywood, ainda que esse aqui diga logo no poster que é "Bollywood encontra Hollywood", então eu tenho certeza de que continuo sem ter visto um filme bollywoodiano. Essa adaptação de Orgulho e Preconceito para os dias atuais, na Índia, é um filminho bem sessão da tarde numa estética meio novela mexicana, mas é engraçadinho e bonitinho. Adaptações diferentes de O&P sempre chamam a minha atenção, e assisti a essa mais pela curiosidade, mas confesso que me decepcionei um pouco - esperava bem mais dos números musicais, pelo menos (mas as cenas de baile, se é que dá pra chamar assim, são ótimas). Se você quiser assistir, tem que abrir o coração de verdade, e, como eu não fiz isso, penei um pouquinho pra chegar ao final.

PS: acho que ficou bem evidente que se você quiser fazer um filme e passar da marca dos 120 minutos, pode ter quase certeza de que eu vou reclamar.

Mês que vem, se eu me dedicar à ideia, a gente conversa sobre as apostas pro Oscar, que tal?

"Who you tryna look good for?!"

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- bitch myself bye
(do tumblr)

Até os dezessete anos, usei uniforme cinco dias por semana. Uniforme de escola é uma coisa incrível e horrível ao mesmo tempo. Há quem critique, por exemplo, que ele sirva uniformizar os alunos, e há quem exalte o seu lado bom, que é uniformizar os alunos. Depende muito da ótica que você adota. Eu sou da opinião de que eles são uma coisa boa. Por mais que muita gente adore dizer que "hoje tudo é chamado de bullying", a verdade é que crianças e adolescentes são tão humanos quanto qualquer outra pessoa, e, assim, sabem ser bem maldosos quando querem. Inclusive em relação ao que o coleguinha veste, especialmente se o coleguinha gosta de se vestir fora dos padrões ou precisa comprar roupas mais baratas porque tem menos condições financeiras. Se aquilo que os alunos vestem é padronizado, fica mais fácil evitar que o bullying se alastre ao menos nesse quesito.


Pena que meu uniforme não era esse.

Hoje eu diria que foi ótimo passar treze anos vestindo uniforme, mesmo que ele não fosse muito bonito. Só que, depois que você passa treze anos da sua vida vestindo uma paleta composta por azul-marinho, branco e amarelo, apenas, e basicamente calça e camiseta todos os dias, é muito bom terminar o colégio e saber que de agora em diante você pode vestir o que quiser mesmo nos dias de semana. (Talvez demore um tempinho até você começar a incluir azul-marinho, a cor primordial na sua vida durante treze anos, no seu guarda-roupa de novo.)

Desnecessário dizer que eu fiquei bem feliz quando comecei a faculdade, porque, mesmo que eu já tivesse incorporado calças jeans ao meu uniforme escolar, eu finalmente ia poder usar outras cores. Qualquer cor! (Curiosamente, uma das minhas favoritas ainda é amarelo. Talvez eu sinta uma certa saudade dos tempos de colégio). Eu podia usar outras roupas. Eu podia até usar vestidinho de verão pra ir à aula.

Só que hoje eu estudo no meio do mato. Digo, eu estudo num campus. Mas é um campus bem longínquo, cercado de muito, muito mato. No meio do mato, quase todo mundo veste o uniforme padrão, também conhecido como jeans-e-camiseta, eu inclusa.

Vejam bem, eu adoro jeans. Adoro. Meus pais sempre me perguntam se eu realmente precisa de outro par de jeans quando eu apareço com um novo. Mas o verão brasileiro é cruel, especialmente para quem passa o dia mudando de uma sala sem ar-condicionado para outra também sem ar-condicionado e precisa se locomover usando o transporte público que, possivelmente também não vai ter ar-condicionado. Nessas condições, jeans é a roupa mais desconfortável do mundo, que te aperta e gruda nas tuas pernas e depois te faz suar, o que só torna a situação pior ainda.

Foi por isso que, no final do ano passado, tomei a decisão de abolir os jeans da minha vida enquanto a temperatura não baixasse e os meados do outono não dessem o ar da graça. Eu só não sabia pelo que trocar os meus pares de jeans de todos os dias.

Eu adoro fingir que não ligo para o que ninguém pensa, mas na vida real isso não funciona tão bem assim. No final do ano passado, tirei os meus vestidos e as minhas sais do guarda-roupa, saí no shopping atrás de mais, mas não sem antes passar um tempo no Google pesquisando se "vestir saia para ir à faculdade é demais" e me perguntar que tipo de impressão isso passava. Como não era comum me ver em nenhuma dessas peças num dia de semana normal, na primeira vez que resolvi ir à aula de vestido, ouvi aquela maravilhosa pergunta, sobre estar querendo impressionar alguém, por acaso, ponto de interrogação.

Nós, aparentemente.

Eu não estava tentando impressionar ninguém. Não que tenha algo coisa de errado nisso. Quer dizer, o que, Deus, há de errado em querer estar bem vestida, ou em se sentir mais bonita? Mas me incomoda muito essa ideia de que, se você gasta alguns minutos (ou horas, se for o caso) do seu dia para se arrumar, é necessariamente porque está tentando impressionar alguém (não, não alguém, que é muito inespecífico. Um guri, claro. Um homem). Eu vesti um vestido porque, olha só, estava calor, e é mais confortável e faz com que o verão pareça menos desagradável. E, sim, eu provavelmente o comprei achei bonito. Mas eu não sei por que é tão difícil acreditar que, na maior parte das vezes, a única pessoa que a gente quer impressionaré o próprio reflexo no espelho. É a mesma lógica presente naqueles comentários sobre maquiagem servir para "enganar" os pobres homens, como se uma mulher não pudesse usar batom e passar base no rosto simplesmente porque ela gosta.

A minha pesquisa no Google rendeu muitos resultados, de todos os tipos. Lá nos EUA, como é comum que os estudantes morem no campus, existe um grande debate entre usar ou não calças de moletom para ir à aula. Tem quem odeie e afirme que nunca apareceria em público vestindo moletom, e tem quem diga que é o melhor jeito de passar o dia e estudar. E tem quem diga, cheio de superioridade, que não vê motivo para alguém se vestir de outro jeito, já que você vai à aula para aprender, e não para fazer outra coisa, e aproveitando a deixa para criticar as meninas (são sempre as meninas) que aparecem na aula parecendo a Blair Waldorf, porque aparentemente elasnão podem estar interessadas em aprender e estudar enquanto usam salto.

Eis o que eu aprendi com a minha pesquisa absolutamente ridícula sobre se seriam as saias vestimentas adequadas para a atividade de assistir a uma aula:

1) Sempre vai ter alguém pronto para julgar a sua escolha, independente de qual seja ela;
2) A vida é sua;
3) O corpo é seu;
4) O dinheiro e o tempo investidos na sua aparência também são seus;
5) O textpost do tumblr cujos dizeres ("i hate when people ask “who you tryna look good for?!” bitch myself bye") eu incorporei no título desse texto já tem um milhão de reblogs/likes.

Portanto, o segredo é você, antes de sair na rua, se vestir de alguma das duas maneiras abaixo, ou de qualquer outra que você achar melhor:


Desde que você se olhe no espelho e esteja satisfeita, seja com o quão confortável você se sente, seja com o quão perfeitamente alinhadas estão todas as peças que você está vestindo.

Eu e as trilhas sonoras

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Uma das coisas que eu mais amo nessa vida são as trilhas sonoras instrumentais do cinema. Trilhas sonoras instrumentais são fantásticas porque elas dizem tanta coisa sem usar palavras. Palavras são meio que my thing, porque tecnicamente eu estou estudando para ser uma especialista em texto. Mesmo assim, costumo dizer que sou uma péssima leitora de poesia. E se sou péssima para poesia, que é texto, imagina o quão ruim eu sou para letras de música, que estão necessariamente ligadas à melodia. Imagina então o quão ruim eu sou para falar daquele tipo de música que nem tem letra.

Por isso, minha relação com as trilhas sonoras é muito baseada naquele velho clichê da internet: não sei o que dizer, só sentir. As trilhas sonoras são moldadas para que as emoções passadas pelo filme sejam sentidas melhor e com mais intensidade. Música é uma forma excelente de fazer com que cenas se tornem muito mais marcantes, e, pelo menos pra mim, deixa tudo muito mais vívido na memória. Cameron Diaz chorando e tendo uma crise de riso no banco de trás de um táxi, depois correndo na neve até os braços do Jude Law é uma das minhas cenas favoritas da vida em grande parte graças ao Hans Zimmer. O tema da Hushpuppyé uma das coisas mais bonitas e brilhantes que eu já ouvi, e escutá-lo faz você se sentir como se estivesse vivendo seu épico particular. Dario Marianelli complementa, utilizando-se dos versos de um hino bem incrível, o plano-sequência fantástico que nos apresenta a Dunquerque, num momento importante da Segunda Guerra, em Desejo e Reparação. Aposto que todo mundo que assistiu à segunda parte de Harry Potter e as Relíquias da Morte ficou pelo menos um pouquinho emocionado quando a trilha (bem bonita) do Alexandre Desplat deu lugar a "Leaving Hogwarts", composta pelo John Williams para o primeiro filme, na cena em que o Harry vai deixar uma nova geração de Weasleys e Potters na Plataforma 9¾.

Uma das melhores cenas de O Amor Não Tira Férias.
Desculpa se eu falo demais desse filme, é o que acontece depois que você revê umas quinze vezes.

Trilhas sonoras também se transformaram numa parte muito importante da minha vida porque é com a ajuda delas que eu consigo realizar muitas das minhas leituras obrigatórias e escrever resumos e esquemas intermináveis nas semanas de prova (elas só não ajudam a lidar com aqueles textos propositalmente hipercomplexos que na verdade não tem como entender). Às vezes, quando tocam os highlights do álbum (provavelmente highlights do filme também), eu sou obrigada a parar e ouvir - é a (sempre necessária) hora da pausa. Por isso, sou muito grata por trilhas sonoras existirem. Muitas notas A em provas de linguística e em ensaios de literatura dependeram bastante delas.

É por isso que uma das minhas categorias preferidas nas premiações do cinema é a de melhor trilha sonora. Eu procuro ouvir as trilhas indicadas depois de ver os filmes, escolher uma favorita e torcer mesmo. Não escolho minhas favoritas porque são inovadoras ou porque têm 73 instrumentos diferentes, ou porque são particularmente espertas incluindo o som de uma máquina de escrever ou soando como um joguinho de computador, mas porque elas me deixam só sabendo sentir.

Esse ano, por exemplo, teve um filme novo do Christopher Nolan. Talvez você não saiba, mas eu adoro a maior parte dos filmes do Nolan. Acho os blockbusters que ele faz sensacionais, faço questão de pagar para ver numa sala de cinema com o som nas alturas, me divirto muito e costumo ir embora ao final super feliz pela experiência. Por isso, fiquei super empolgada quando assisti ao trailer de Interestelar. E acabei ficando bem decepcionada quando assisti ao filme. Ele começa fantástico e empolgante (apesar dos eventuais momentos de "'murica!!!", mas a gente releva), o lado mais humano da história, centrado na relação de pai e filha, é bem bonita, mas o último terço do filme foi um enorme balde de água fria. Eu me sentia esperando o Doctor aparecer na TARDIS para salvar o dia a qualquer momento. (Não tem nada de errado com Doctor Who, mas não dá pra apelar para o espírito doctorwhoniano se você passou duas horas se propondo a realizar um épico super sério.)

Se o filme, que apesar de não ter sido ruim também não foi tão bom quanto eu queria que fosse, deixou a desejar, pelo menos a trilha sonora do Hans Zimmer me deixou cem por cento maravilhada. Não consigo ouvir a música que abre o filme, quando o Cooper e os filhos perseguem o drone pelo milharal, sem lembrar do quão empolgante essa cena faz o filme parecer. Ela te diz: você está prestes a assistir uma aventura incrível, emocionante e arrebatadora. Promessa que só se cumpre parcialmente, é verdade. Mas a promessa não deixa de ser incrível.

Torci pelo Hans Zimmer no Globo de Ouro antes mesmo de conhecer as outras trilhas indicadas porque sou dessas. Fiquei #chateada quando ele perdeu o prêmio para Jóhann Jóhannsson com A Teoria de Tudo. Comentei que duvidava que ela realmente fosse melhor, porque sou eu. E daí eu fui assistir ao filme sobre Stephen Hawking e sua ex-esposa Jane. Ele começa com o Stephen andando de bicicleta em Cambridge. Todo mundo sabe que andar de bicicleta é uma coisa que ele não pode fazer há décadas, assim como não pode fazer coisas bem mais simples, como falar e mexer a maior parte dos músculos. Por isso, a cena em si já é bem significativa. Junte à música emocionante do Jóhannsson e cataploft: sentimentos. A trilha sonora desse filme é mais convencional e menos inventiva do que a de Interestelar, não acho que seja melhor, mas é tocante e bem eficiente em adicionar emoção a uma história que já é emocionante mesmo sem os truques cinematográficos, e, porque sou eu, estou bem apaixonada por ela.


No fim das contas, pra quem vai o Oscar é bem irrelevante (e, aparentemente, todo mundo prefere Alexandre Desplat, seja com O Jogo da Imitação, seja com Grande Hotel Budapeste). Quem ganha sou eu. Queria que minha vida tivesse uma trilha instrumental para que eu pudesse saber quais momentos dela representam grandes pontos de virada e quais são os pontos altos que, reza a lenda, um dia vão passar diante dos meus olhos. Ou para que eu soubesse quando deveria me preparar para os tempos difíceis. E, principalmente, para adicionar um pouco de beleza e mágica a todos esses momentos. Já que não tem como, só me resta me contentar com as trilhas sonoras compostas para as histórias dos outros. Eu diria que estou bem servida.


Comentarista do Oscar, versão 2015

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Uma das coisas mais divertidas da internet é acompanhar e comentar os grandes eventos na Melhor Rede Social, junto com muita gente que sabe muito bem o quão irrelevante sua opinião é num contexto maior, mas que adora dar pitaco mesmo assim.

Tipo o Oscar, que fecha a maravilhosa temporada de premiações dos meses de janeiro e fevereiro. O que eu sei de cinema? Nada, além do conteúdo da única matéria sobre o assunto que cursei, quando ainda estudava comunicação social - e que foi, curiosamente, aquela em que eu obtive os piores resultados da minha vida acadêmica. Mas, com licença, eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, mas só quero comentar os erros da (extremamente masculina e extremamente branca) Academia uma vez por ano, tá?

Sonhei um sonho de conseguir assistir a todos os indicados a melhor filme e a às outras categorias interessantes (atuação e roteiro), mas isso somava dezessete filmes. Como eu perco um pouco mais da minha habilidade de fazer maratona do Oscar a cada ano, é óbvio que eu não assisti a tudo (chorando, porque queria muito ter visto algunsdeles). Mas como nada me desencoraja, vamos aos comentários sobre o que eu vi.

O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson: Acho que é bacana ser sincera e dizer que Moonrise Kingdom foi o único filme do Wes Anderson que eu assisti até o final, e não gostei. O nosso santo não bate, acho o estilo afetado demais e o humor estranho demais, por isso resisti ao filme mais recente do diretor mesmo tendo achado o trailer bacana e o elenco ótimo. Mas aí eu o assisti e achei visualmente uma delícia, achei as cores maravilhosas, achei bem genuinamente divertido em vários momentos (inclusive dei umas boas risadas, acreditem), achei que teve diálogos bem ótimos, achei uma historinha bacana, achei um bom filme. É isso.

O que vai levar: Fotografia, figurino, direção de arte. Acho que descola um melhor roteiro original.

A Teoria de Tudo, de James Marsh: Meu favorito, que todo mundo parece ter achado bem mediano - exceto pela atuação do Eddie Redmayne. É uma cinebiografia bem convencional com uma fotografia meio efeitos-do-Instagram, mas, gente, que coisa bem bonita. Que trilha sonora maravilhosa. Que Eddie Redmayne. Que linda celebração de duas pessoas extraordinárias. Acho que é preciso aceitá-lo nesse sentido, mais como uma celebração do que como uma biografia. Não é a história do Stephen Hawking, e sim a história dele com a Jane, que também foi uma pessoa incrível - e se na vida real ela talvez tenha sido relegada ao papel de uma grande coadjuvante, não é assim no longa. E, não, o filme não é uma divulgação científica. Para isso, imagino que você possa ler, tcharã, Uma Breve História do Tempo. Abram seus corações e vão lá ver.

O que vai levar: Melhor ator pro Eddie Redmayne e melhor trilha sonora.

O Jogo da Imitação, de Morten Tyldum: Outra cinebiografia bem convencional, mas também não é A História de Alan Turing. Esse, sim, é mais focado no trabalho do biografado - mais especificamente, ao lado da equipe com quem ele trabalhou durante a Segunda Guerra para criar a máquina que decifraria as mensagens indecifráveis da inteligência alemã e ajudaria os Aliados a venceram a guerra - do que na vida pessoal. O aspecto técnico-matemático da coisa é diluído em explicações bem simplificadas, o que quer dizer que se você está com receio de ver porque ia muito mal em matemática na escola, pode ir sem medo. É um filme bacana, apesar de emocionar e empolgar menos do que poderia, considerando a temática e tudo o que Turing deve ter sofrido graças a leis severamente homofóbicas. Ótima atuação do Benedict Cumberbatch e ótimo Dream Team de atores que eu adoro na televisão e no cinema britânico.

O que vai levar: Melhor roteiro adaptado, aparentemente.

Selma, de Ava DuVernay: O único indicado que não é primordialmente sobre um homem branco e o único dirigido por uma mulher. Sua falta de outras indicações gerou bastante revolta na internet, e ela se justifica principalmente por causa da não indicação de David Oyelowo, que eu descobri que já tinha visto em outros papéis menores, mas que aqui me surpreendeu com um trabalho fantástico. Entregar tão bem os discursos de uma personalidade tão importante e famosa por eles como o Martin Luther King certamente não era uma tarefa fácil, muito menos precisando contrastar sua figura pública com a privada. O filme é ótimo, mas ele é bem centrado em diálogos, alguns longos e demorados, o que faz com que ele seja um pouco devagar. Não é uma biopic tradicional; como eu vi por aí, é menos uma história sobre uma pessoa do que sobre todo um movimento. É forte como precisava ser, e extremamente importante. A consequência da marcha em Selma foi uma grande vitória do Civil Rights Movement, mas se a gente olhar para eventos que ocorreram só no ano passado nos EUA, é fácil lembrar que ainda estamos bem, bem longe daquele sonho que MLK tinha.

O que vai levar: Melhor canção para "Glory".

Whiplash, de Damien Chazelle: Sabe, eu meio que já cansei dessas histórias sobre Homens Horríveis. J.K. Simmons vai levar seu (merecido) Oscar por interpretar esse ser humano horrendo, professor de música num conservatório conceituadíssimo, que recorre a humilhação e violência psicológica e física para que seus pupilos deem o máximo de si, aparentemente, e para encontrar um grande artista no meio de muita gente apenas boa. Confesso que no começo eu senti uma certa peninha (e até empatia, creiam) do personagem do Miles Teller, mas ele é tão metido a besta que parei de me importar. Às vezes um personagem senta à mesa com a família e diz que prefere morrer bêbado aos 34 anos e ter gente falando sobre ele depois do que não ser lembrado por ninguém, diz pra namorada que ela é só um obstáculo pro sonho dele, e você sabe que você e aquele filme não poderiam ser mais incompatíveis. Só que eu gostei (!). Odiei a mensagem, gostei do filme. É muito bem feito, intenso, emocionalmente esgotante, e as atuações são ótimas. Mandava os dois personagens direto pra lata de lixo, e é isso.

O que vai levar: Melhor ator coadjuvante para o J.K. Simmons, montagem e mixagem de som (???).

E o que eu não vi? Tem justificativa e tem aposta:

Boyhood, de Richard Linklater: Queria muito ter assistido, curto demais a trilogia famosa do Linklater e não acho que o fato de o filme ter sido filmado ao longo de doze anos seja coisa da qual é fácil de se fazer pouco caso. Ainda não consegui assistir (chorando). Talvez eu acabe odiando (talvez só dormindo), mas por ora eu torço por ele. [Edit 21/2: Não dormi, nem muito menos odiei. Os doze anos de filmagens foram muito bem montados, resultando num filme coerente e muito bacana, com os anos progredindo naturalmente - bem como nada vida, não é? Em flashes? Acho que acontece uma identificação natural com diversos dos flashes da vida do Mason, e fiquei nostálgica pela infância e lembrando da natureza essencialmente agridoce da adolescência, e foi uma grande experiência. Fiquei particularmente emocionada com a pequena apariçãozinha de Harry Potter, por sinal. Espero que ganhe muitas coisas. Foi um baita projeto, que resultou num ótimo filme.]

O que vai levar: Melhor filme e melhor atriz coadjuvante para a Patricia Arquette.

Birdman, de Alejandro G. Iñárritu: Assisti ao trailer e fiquei com a impressão de que esse é o filme mais pretensiosamente chato com o qual a Academia nos presenteou desde A Árvore da Vida. Daquela vez, eu até me esforcei para ver, mas dessa vez decidi seguir meus instintos e ignorar o filme mesmo com a presença da Emma Stone, a diva que eu quero copiar. Me avisem se eu estiver errada, porque eu não me importo se tiver que dar o braço a torcer.

O que vai levar: Acho que vai ser um daqueles casos de favoritos que acabam saindo praticamente de mãos abanando, mas aposto em melhor direção.

Sniper Americano, de Clint Eastwood: Confesso que a polêmica suscitada me deixou curiosa para assistir e tirar minhas próprias conclusões. Acho sinceramente que militares são ótimos objetos de estudo e acho forçação de barra dizer que um filme, por si só, faz com que os espectadores saiam soltando ódio, preconceito e xenofobia nas redes socais - mas ele certamente pode servir de propaganda e contribuir para o discurso de ódio já enraizado nos seus eventuais espectadores. Estou, sim, curiosa, mesmo que seja para falar mal depois, só não tenho certeza de que topo gastar num ingresso de cinema.

O que vai levar: Uma bilheteria (nos EUA) maior do que as de todos os outros indicados somadas.

Apostas:

Baseada em excelentes critérios, muitas vezes o do famoso melhor chute (alô categorias de documentário, filme estrangeiro e curtas) (e essas categorias de som, quem é que sabe votar nisso?), vou apostar em todas. Com fins científicos, claro - descobrir se no próximo ano devo entrar num bolão.

Melhor filme: Boyhood
Melhor ator: Eddie Redmayne
Melhor atriz: Julianne Moore
Melhor ator coadjuvante: J. K. Simmons
Melhor atriz coadjuvante: Patricia Arquette
Melhor longa de animação: Big Hero 6
Fotografia: Grande Hotel Budapeste
Figurino: Grande Hotel Budapeste
Direção: Birdman
Documentário (longa): Citizenfour
Documentário (curta): Crisis Hotline: Veterans Press 1
Montagem: Whiplash
Filme estrangeiro: Ida
Maquiagem e cabelo: Foxcatcher
Trilha sonora: A Teoria de Tudo
Canção original: Glory
Direção de arte: Grande Hotel Budapeste
Curta de animação: The Bigger Picture
Curta: Parvaneh
Edição de som: Interestelar
Mixagem de som: Whiplash
Efeitos visuais: Interestelar
Roteiro adaptado: O Jogo da Imitação
Roteiro original: Grande Hotel Budapeste
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